Diário de Notícias

Há quase dez anos que não entravam tantos alunos na faculdade

É o terceiro melhor resultado de sempre de entradas: 44 613 colocados, com politécnic­os a alimentar a subida. “Estamos a estudar mais”, justifica o ministro Manuel Heitor. Medicina volta a ficar fora do top, com Engenharia­s a dominar notas mais altas.

- PEDRO SOUSA TAVARES

Como previsto, em face das mais de 52 400 candidatur­as, a primeira fase de acesso ao ensino superior registou neste ano um cresciment­o acentuado nas entradas – 5%, num total de 44 914 colocados. É o melhor registo da década e o terceiro melhor de sempre nos concursos.

Os institutos politécnic­os foram o principal motor desde cresciment­o, aumentando o total de entradas em 8%, mas as universida­des também viram o número de alunos aumentar em 2%.No total, de acordo com os dados divulgados pela Comissão de Acesso do Ensino Superior, entraram nas universida­des públicas 27 648 estudantes, com os politécnic­os a absorverem mais 17 266 alunos. Os anos de quebra acentuada na procura deste subsistema de ensino parecem ter ficado para trás, como demonstra também um aumento de 16% do número de alunos que procuraram os institutos como primeira opção.

A subida da procura em instituiçõ­es do interior do país, em zonas de menor densidade demográfic­a, foi determi- nante para a melhoria global , com um aumento de 13%, que foi de 20% nos politécnic­os dessas regiões. Outros fatores, como a escolarida­de obrigatóri­a até aos 18 anos e a melhoria da situação económica do país, também contribuír­am.

Neste ano, além de um aumento de número de vagas, foram aprovados diversos incentivos, quer para as instituiçõ­es em zonas menos populosas quer para os alunos que as procuram, nomeadamen­te ao nível de alojamento­s e deslocaçõe­s. No entanto, em entrevista ao DN (página 11), o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, defende que o mérito também é das próprias instituiçõ­es, que têm feito um esforço de “adequação” da sua oferta à procura pelos alunos e às necessidad­es do tecido empresaria­l das áreas onde se inserem.

Nem todas as apostas parecem ter corrido bem. Pelo menos nesta fase. Neste ano, uma das novidades do concurso nacional de acesso é um curso de Engenharia Alimentar partilhado por três institutos politécnic­os: Bragança, Viana do Castelo e Leiria. Uma inovação que não parece ter convencido os candidatos à primeira fase, que deixaram por preencher a quase totalidade das vagas colocadas pelas três instituiçõ­es. No entanto, este era um cenário já antecipado pelas instituiçõ­es, que apostam sobretudo na captação de alunos por diferentes vias de acesso.

O mesmo se aplica, de resto, à grande maioria das 44 ofertas que não conseguira­m preencher uma única vaga nesta primeira fase de acesso, onde se incluem desde cursos de Engenharia Civil a Gerontolog­ia. Para Manuel Hei- tor, se não tivessem a convicção de que conseguiri­am encher estes cursos através de outras vias de acesso, as instituiçõ­es já teriam desistido há muito de os manter abertos.

A diversific­ação das vias de acesso é, de resto, uma das apostas das instituiçõ­es e do próprio governo. Neste ano, a DGES aponta para mais de 73 mil entradas nas universida­des e nos institutos politécnic­os. Esse número inclui não só as entradas em licenciatu­ras e mestrados como os ingressos nos cursos técnicos superiores profission­ais (TESP), que terão um aumento significat­ivo nas entradas, face à previsão de que deverão chegar aos 6 800 candidatos.

No topo, há “tradições” que não mudam: o Porto tem os alunos com médias de acesso mais elevadas; o ISCTE e a Nova (esta com três lugares em aberto) enchem os cursos logo à primeira, tal como algumas escolas de Enfermagem; a Universida­de de Lisboa acolhe o maior número de alunos.

Mas há tradições que parecem ter mudado. Como a Medicina no topo. Neste ano, pela primeira vez (ver próximas página), nenhum dos cursos da área está entre os três primeiros.

Sobram 6225 vagas para a segunda fase, cuja candidatur­a arranca amanhã, mas deverão ser libertados mais lugares

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Número de colocações na primeira fase está a crescer há quatro anos consecutiv­os e já se aproxima dos máximos históricos

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