Medicina ganha quatro vagas mas falha top 3 das médias
Pelo segundo ano consecutivo, os três primeiros cursos com notas de último colocado mais elevadas são das Engenharias
Não se pode dizer que a Medicina tenha deixado de ser um curso popular. Neste ano, não só foram preenchidas na íntegra todas as vagas levadas a concurso como tiveram de ser criadas mais quatro para resolver situações de empate, o que permitiu uma invulgar subida, para um total de 1521. Os lugares adicionais foram criados nos cursos de Medicina da Universidade de Lisboa (dois) e da Universidade do Minho (um), tendo também sido aberta uma vaga extra no ciclo básico de Medicina oferecido pela Universidade dos Açores. Mas também há sinais de que outros cursos começam a ganhar a dianteira entre as preferências dos melhores estudantes, com destaque para algumas Engenharias.
Numa quase repetição do topo da tabela do ano passado – em 2016 os dois primeiros equivaleram-se –, os três primeiros lugares deste ano em termos de notas de acesso mais elevadas cabem aos cursos de Engenharia Aeroespacial (18,8) e Engenharia Física e Tecnológica (18,75), ambos do Instituto Superior Técnico (IST) da Universidade de Lisboa , e ao curso de Engenharia e Gestão Industrial (18,43) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. O primeiro curso de Medicina a entrar nestas contas, no quarto lugar, é também da Universidade do Porto (Faculdade de Medicina), registando 18,33 valores de média de ingresso do último colocado.
De referir que, neste ano, o último aluno a entrar em Engenharia Aeroespacial no IST teve uma média superior em quase três décimas ao que ocupou esse lugar no ano passado. Uma tendência de melhoria das classificações de acesso que, de resto, foi transversal à 1.ª fase de acesso dos concursos de 2017.
No total, como destacou ao DN o ministro do Ensino Superior, Manuel Heitor, houve 82 cursos cuja nota mínima de acesso foi superior a 16 valores, além de que em perto de duas dezenas destes a bitola foram os 17 valores. Porto acima da média No que respeita às notas de ingresso elevadas, a Universidade do Porto – em parte por ter menos concorrência do que as instituições mais destacadas da capital – continua a assumir-se como um caso especial.
A instituição da Invicta dominou por completo a lista dos cursos com média de último colocado mais elevada, contabilizando sete dos quinze melhores desempenhos e inscrevendo quatro cursos entre os primeiros seis: Engenharia e Gestão Industrial, Medicina (Faculdade de Medicina), Bioengenharia e Medicina (Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar.
“De facto”, acrescenta a instituição em comunicado, “a Universidade do Porto é a universidade portuguesa com a classificação média ponderada do último colocado mais elevada, apresentando uma média de 15,91 valores como nota de entrada nos seus 52 cursos. Deste total, 35 cursos da Universidade do Porto lideram a nível nacional, apresentando as médias mínimas de entrada mais elevadas do país”.
Dados que refletem a elevada procura dos cursos oferecidos pela única universidade pública da cidade do Porto. “Com um total de 7454 candidatos em primeira opção para uma oferta de apenas 4185 vagas, a Universidade do Porto apresenta uma taxa de procura de 178%”, acrescenta o comunicado. “Ou seja, a U. Porto teve em média 1,78 candidatos para cada uma das suas vagas, registando pouco menos do que o dobro da procura para a oferta de vagas apresentada.”
De acordo com a Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior, além do Porto, as universidades de Aveiro, Coimbra, Nova, Minho, Madeira, Lisboa e ISCTE também registaram números de candidatos em primeira opção superiores aos lugares colocados a concurso nacional. Apenas o ISCTE ocupou todos os lugares na primeira fase. A Nova também reivindicou esse feito, mas, de acordo com as listas da DGES, tem ainda três lugares por preencher. 44 cursos a zeros Se as Engenharias dominam na procura, também não faltam cursos da área com dificuldades em atrair candidatos. São da área a maior parte das 44 ofertas que não registaram qualquer colocação.
Refira-se ainda que houve um total de 31 cursos em que os alunos conseguiram entrar com notas de candidatura inferiores aos 10 valores, incluindo três cursos da Universidade do Algarve. Em termos de concurso, a nota mínima considerada positiva são os 9,5 valores na escala de zero a vinte.
Neste ano, as médias subiram e houve 82 cursos em que os alunos só entraram com 16 valores ou mais de nota de candidatura
plicado.Vão estudar os dois em Lisboa. Ele entrou para Engenharia de Telecomunicações e Informática, no ISCTE, na Avenida das Forças Armadas, e ela ficou colocada bem perto, em Artes Visuais e Tecnologia, no Politécnico de Lisboa, na zona de Benfica.
“Não estaremos no mesmo sítio, mas pelo menos não vamos estar separados por centenas de quilómetros”, desabafou Bárbara.
Próximos até nas médias de candidatura – ele 13,65 e ela 13,8 – Hugo acabou por entrar com apenas mais duas décimas do que o último colocado do seu curso. Já Bárbara teve uma folga maior, de 0,8 valores. “Estava otimista, tendo em conta as notas de acesso do curso no ano passado, mas também sabia que neste ano as médias tinham melhorado”, contou Hugo. “Há sempre aquela incerteza, mas estava segura”, disse Bárbara.
Mas os desafios ainda não acabaram. Neste domingo, ele por conta própria e ela acompanhada da mãe, estarão os dois em Lisboa na igualmente exigente tarefa de encontrar alojamento a preços aceitáveis na capital. Não, ainda não vão partilhar casa. P.S.T.