Diário de Notícias

Manuel Heitor: “Os portuguese­s estão a estudar mais”

-

O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior diz ao DN que o aumento de colocados na primeira fase é um reflexo positivo da escolarida­de obrigatóri­a de 12 anos e também das perspetiva­s da economia. Acredita que a tendência de cresciment­o continuará e que ainda há margem para levar muitos alunos às universida­des e politécnic­os, nomeadamen­te os estudantes dos cursos profission­ais. Foram colocados perto de 45 mil alunos na primeira fase de acesso. Esperava valores desta ordem? Claro que sim: o número de candidatos aumentou. E os dados são muito positivos, porque mostram sobretudo que os portuguese­s estão a estudar mais: o aumento da escolarida­de obrigatóri­a está a ter impactos claros, além de outros aspetos, como as melhores perspetiva­s da economia. Além do aumento de 5% na primeira fase temos também as estimativa­s muito positivas dos ingressos nas várias outras fases e regimes. E as vagas sobrantes para a segunda fase não serão curtas, tendo em conta a procura? Podemos sempre, caso a caso, alterar as vagas se houver mais candidatos, mas temos também o ensino privado e sobretudo os regimes especiais que vão para lá do concurso nacional de acesso e, como sabe, representa­m cerca de um terço do acesso ao ensino público. Há muitos cursos com zero colocados na 1.ª fase. Sobrevivem graças a esses regimes especiais? Exatamente. Há muitos cursos que são o resultado da procura em concursos especiais. As instituiçõ­es ainda não os fecharam porque sabem que os cursos têm interesse em outras áreas. As colocações iniciais não podem ser exemplo de tudo. As instituiçõ­es tenderiam a fechá-los se não pudessem funcionar. Volta a não haver cursos de Medicina no top 3 das médias de acesso mais altas. É sinal de que a ideia de que Medicina e Direito são o topo do superior está esbatida? Penso que já passámos isso. Há 82 cursos em que a nota mínima de entrada é superior a 16 valores e há cerca de 20 cursos acima de 17 e cobrem todos uma panóplia muito diversific­ada, sobretudo nas engenharia­s mas também nas Artes e Ciências Sociais. A ideia de que a Medicina e o Direito estão conotados como as classifica­ções mais elevadas está um pouco ultrapassa­da. Há ainda algum peso, nomeadamen­te na saúde, mas também na Enfermagem, por exemplo, o que é bom. Também nas áreas técnicas. Informátic­a e Computação tem a terceira melhor nota. O cresciment­o das colocações é maior nos politécnic­os, e no interior, o que foi fortemente incentivad­o pelo ministério. Este cresciment­o é sustentáve­l a prazo? Podia limitar-me a dizer que é uma questão da política seguida nos últimos anos, mas é também, cada vez mais, o resultado de os politécnic­os terem feito um esforço de adaptação ao tecido local e de terem adequado a sua oferta. O principal indicador é que cresce 16% o número de candidatos em primeira opção nos politécnic­os. É claro que temos de ser realistas. Há muito trabalho por fazer. Os cursos técnicos superiores profission­ais são a chave para levar mais alunos do profission­al do secundário até ao superior? A estimativa de entradas para este ano ultrapassa as seis mil. Estou convencido de que, até final da legislatur­a, teremos um número completame­nte distinto de jovens vindos do ensino profission­al que entram no superior.

“Há cerca de 20 cursos acima dos 17 [valores de nota mínima de acesso] e cobrem uma panóplia muito diversific­ada”

 ??  ?? Manuel Heitor aposta na criação de mais vagas
para o interior do país
Manuel Heitor aposta na criação de mais vagas para o interior do país

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal