Benfica é o primeiro grande a ter pontuação influenciada pelo VAR
Videoárbitro já foi utilizado em lances de águias, Sporting e FC Porto, mas só no jogo de sexta-feira, na Luz, teve interferência direta na tabela, quando anulou um golo ao Portimonense
O videoárbitro (VAR) já ajudou a dez alterações das decisões dos árbitros na presente época, sendo também já alvo de críticas, sobretudo pelos três grandes. Contudo, num balanço destas primeiras cinco jornadas da I Liga sob a era do VAR, conclui-se que o golo anulado a Fabrício, do Portimonense, no jogo de sexta-feira frente ao Benfica, na Luz, foi o primeiro a interferir diretamente na pontuação de um dos grandes na tabela, até agora.
Sem essa decisão, transmitida peloVAR FábioVeríssimo ao árbitro principal da partida, Gonçalo Martins, os encarnados – que ganharam por 2-1 – teriam visto o Portimonense empatar a partida por 2-2, aos 87 minutos, e perdido dois pontos na classificação (tendo como referência naturalmente o resultado final), o que os deixaria já a quatro pontos da liderança (e não a dois). O golo de Fabrício acabou por ser anulado depois de as imagens provarem que no início da jogada um outro jogador do Portimonense (Wilson) estava em fora-de-jogo.
Nos outros jogos dos grandes em que o VAR acabou por “entrar em campo” para alterar decisões do árbitro principal (ver coluna ao lado) nem Sporting nem FC Porto saíram prejudicados ou beneficiados em matéria de pontos. Na 1.ª jornada, o FC Porto já vencia o Estoril por 3-0 quando as imagens validaram o golo de Marcano, após o árbitro ter assinalado fora-de-jogo, ao passo que à 4.ª jornada, também num jogo com o Estoril, mas em Alvalade, o VAR anulou um golo ao sportinguista Bas Dost, aos 90+2’, e outro ao estorilista Pedro Monteiro, aos 90+4’ – sem videoárbitro, o jogo terminaria 3-2 em vez de 2-1.
O outro jogo desta I Liga em que, até agora, houve influência direta do VAR na distribuição de pontos foi o Paços-V. Guimarães, da 4.ª jornada, em que o golo anulado ao vimaranense Hurtado manteve o 0-0 (no caso de penáltis e cartões é impossível estabelecer relação direta). Veríssimo explica golo anulado Fábio Veríssimo, videoárbitro do Benfica-Portimonense, justificou ontem através dos canais da Federação Portuguesa de Futebol que “logo” teve “a sensação” de uma irregularidade na jogada do golo anulado a Fabrício. “Eu como videoárbitro fiquei a ver todas as imagens e o assistente do videoárbitro, o AVAR, continuou a ver o jogo e transmitiu ao árbitro que estávamos a rever um lance e para ele não apressar o recomeço do jogo. Seguimos os procedimentos do protocolo e dissemos ao árbitro: ‘Gonçalo [Martins], atenção que há fora-de-jogo junto à linha lateral’”, disse Fábio Veríssimo, justificando depois a demora na anulação.
“Como ele fez o sinal de VAR o barulho foi enorme e ele teve dificuldade em perceber a parte final da comunicação e foi fazer a sinalética de fora-de-jogo no meio da área. Depois comuniquei com ele e ele corrigiu a decisão e o jogo recomeçou no sítio certo”, disse. Críticas de leões e dragões Antes destas justificações, contudo, o árbitro Fábio Veríssimo já tinha sido alvo do Sporting, por já ter sido o responsável pelo videoárbitro em três jogos do Benfica (contra Braga, Rio Ave e Portimonense) nas primeiras cinco jornadas. “Alguém que explique como é que respeitando a lei das probabilidades o mesmo árbitro, que hoje teve olho de milhafre, pode ser VAR em três dos primeiros cinco jogos do mesmo clube. Se calhar, na Luz, é melhor que passem a chamar-lhe VARíssimo”, reagiu o diretor de comunicação dos leões Nuno Saraiva, isto já depois de também Francisco Marques, seu homólogo do FC Porto, ter tecido críticas ao juiz Gonçalo Martins. “Esta arbitragem merece um estudo detalhado. É um menino do Nuno Cabral e provou-o. Querem continuar a fingir que isto é sério?”, disse.
O Benfica também reagiu a estas polémicas, considerando “inadmissível a pressão e a coação sobre os árbitros dos saudosos do apito dourado, frutas e Garridos”.