Diário de Notícias

Carlos Queiroz: “Chegou o momento em que não pode ser o futebol primeiro e a família que se adapte”

- BRUNO PIRES

Depois da forma agitada como saiu, pela segunda vez, da seleção portuguesa, após o Mundial 2010, Carlos Queiroz encontrou no Irão a sua “nova casa”, onde garante ser “feliz” há sete anos, apesar de volta e meia surgirem ecos de que ameaça demitir-se. Em junho qualificou a seleção iraniana para o Mundial 2018. Foi o segundo apuramento consecutiv­o com a seleção persa –e o quarto no total da carreira do professor que revolucion­ou o futebol português nas décadas de 1980 e 1990. O treinador falou com o DN no Jamor – onde em 1995 ganhou uma Taça de Portugal pelo Sporting –, numa entrevista que revisita a extensa carreira de um homem que já treinou o Real Madrid e foi adjunto do Manchester United, mas também a experiênci­a de vida desde Nampula. Comecemos pela sua estada no Irão, onde está há sete anos. Não é muito tempo afastado da esfera mediática? Depende da perspetiva. Só em Teerão há 17 jornais que tratam o desporto. Portanto o impacto mediático da minha presença no Irão é enorme. Quando estive nos Estados Unidos a trabalhar ia para o Brasil, América do Norte, América Central... e ali o meu nome teve uma boa projeção, da qual mais tarde beneficiei, com os convites que tive. Naquela zona da Ásia que vai do Japão à Coreia há milhões de pessoas e como eu estou ao serviço de uma seleção que joga com o Japão ou com a Coreia a projeção mediática continua a ser positiva. É feliz em Teerão? Ouvi dizer que recebe flores em casa. O Irão tem muitas zonas desérticas, mas é o país das flores. Os iranianos não têm muitos conhecimen­tos de inglês. As palavras “gosto de ti” eles traduzem-nas na forma simples que conhecem que é “I love”, que tem um outro sentido que não é só o afetivo. É frequente no Irão os homens, mesmo entre eles, oferecerem flores. Ninguém vai a casa dos outros sem ter flores. Também já oferece flores a outras pessoas? Sim, também. Às vezes estava em locais públicos e no Irão eles cumpriment­am-se com beijos; então às vezes vinham os homens a dizer “I love you”, com as flores, e davam-me três beijos e eu ficava um bocadinho... [risos]. Moro num prédio e é frequente depois dos jogos encontrar o pátio do hotel cheio de flores. Então é uma pessoa feliz em Teerão? Sou feliz e tenho manifestad­o isso em todos os locais de futebol. Nós não temos possibilid­ade de trabalhar na porta da nossa casa. O sítio onde nos dão traba-

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