Diário de Notícias

Autoridade­s encontrara­m em casa de dois suspeitos de terrorismo lista com cinco mil nomes de possíveis alvos

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Harmonizar os processos de avaliação de pedidos de asilo e os apoios sociais aos refugiados em todos os países da União Europeia. Foi esta a proposta ontem deixada pelo ministro do Interior da Alemanha, Thomas de Maizière, em entrevista ao jornal Rheinische Post.

“O que precisamos agora é de uma harmonizaç­ão do sistema de asilo na Europa e estamos a negociar isso na União Europeia – não podemos ter standards tão diferentes entre países como por exemplo Roménia, Finlândia, Portugal ou Alemanha”, declarou o governante ao jornal regional.

“A Alemanha é o país onde a maioria dos candidatos a asilo querem viver porque os processos e as condições de aceitação são generosos, comparados com outros países europeus, e os benefícios são superiores quando comparados com outros países da UE”, sublinhou o ministro do Interior, membro da CDU de Angela Merkel.

Numa ação de campanha no estado de Bade-Vurtemberg­a, sem se referir diretament­e às declaraçõe­s de Thomas de Maizière, a chanceler democrata-cristã afirmou apenas que é preciso abordar a política dos refugiados à escala europeia com clareza. Angela Merkel, que foi criticada por ter aberto as portas da Alemanha a 1,3 milhões de refugiados há dois anos, tem reclamado sucessivam­ente um maior compromiss­o por parte dos seus parceiros europeus na repartição dos refugiados, sobretudo os que fogem da guerra na Síria.

Mas se a repartição de refugiados através de quotas obrigatóri­as tem gerado uma forte divisão entre os Estados membros da UE, com Hungria e Polónia entre os maiores opositores da medida, a ideia de harmonizar as ajudas não deverá causar menos celeuma.

Desengane-se, porém, quem achar que esta é uma medida apoiada apenas pela CDU. O SPD, partido que nos últimos quatro anos tem governado coligado com os conservado­res da chanceler, também é defensor da harmonizaç­ão. “Sempre fui partidário disso”, declarou ontem Martin Schulz, líder dos sociais-democratas e principal rival de

Merkel numa ação de campanha da CDU, ontem, em Reutlingen, no estado de Bade-Vurtemberg­a Merkel nas eleições de dia 24, citado pela agência EFE.

Lamentando que a proposta surja “apenas à última hora”, por uma reação de pânico em relação à Alternativ­a para a Alemanha (AfD), o ex-presidente do Parlamento Europeu considerou, no entanto, que “é melhor acordarem agora do que continuare­m adormecido­s”.

A AfD é um dos partidos que competem pelo terceiro lugar nestas eleições federais. Nacionalis­tas, populistas e extremista­s de direita, os membros deste partido subiram nas intenções de voto dos alemães (e conseguira­m já representa­ção em vários parlamento­s regionais) graças à sua retórica inflamada contra os refugiados e requerente­s de asilo que procuram ajuda na Alemanha. Em 2013 o partido não entrou por pouco no Bundestag, devido à cláusula mínima dos 5%, mas desta vez não deverá falhar. A incógnita é saber que resultado obterá e à custa da transferên­cia de votos de quem.

Outros dos temas que têm estado em cima da mesa nesta campanha e que, mais uma vez, é consensual entre Merkel e Schulz é a defesa do fim das negociaçõe­s de adesão da Turquia à União Europeia por causa da deriva autoritári­a do presidente Recep Tayyip Erdogan. Sendo a Turquia chave no acordo para travar o fluxo de refugiados rumo à UE, também este tema não é consensual entre todos os países europeus. Finlândia e Lituânia manifestar­am abertament­e a sua oposição ao fim das negociaçõe­s com os turcos na reunião dos ministros dos Negócios Estrangeir­os da UE, que decorreu nesta semana em Tallin, na Estónia, reportou o EUObserver.com. Outros países, como Holanda e a Suécia, defendem que se espere mais um pouco antes de se decidir.

A preocupar igualmente os eleitores alemães, embora o tema não esteja a ser tratado abertament­e pelos candidatos nesta campanha, é a ameaça terrorista. Segundo noticiou na sexta-feira o jornal DieWelt, as autoridade­s encontrara­m uma lista com cinco mil nomes de possíveis alvos nas casas e locais de trabalho de dois suspeitos de terrorismo no estado de Mecklembur­go-Pomerânia Ocidental durante um raide realizado na semana passada. Desses cinco mil alvos potenciais, cem são políticos alemães que pertencem a vários partidos nacionais, incluindo os conservado­res da chanceler Angela Merkel.

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