Diário de Notícias

PCP junta-se às críticas ao ministro da Defesa

Comunistas entendem que ministro deve assumir responsabi­lidades. Debate parlamenta­r marcado para 2.ª feira

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O secretário-geral do PCP acusou ontem o ministro da Defesa Nacional de errar ao não assumir responsabi­lidades políticas no caso do desapareci­mento de armas dos paióis de Tancos e afirmou caber ao primeiro-ministro avaliar a situação. As críticas de Jerónimo de Sousa surgiram num dia em que o PSD e o CDS-PP solicitara­m a realização de um debate de atualidade na próxima segunda-feira sobre “o alegado furto de Tancos”, informou fonte parlamenta­r.

Em declaraçõe­s à Lusa, o deputado do PSD Sérgio Azevedo sustentou que o esclarecim­ento sobre o que se passou na base militar de Tancos “é assunto de Estado, de soberania e merece tratamento privilegia­do” em sede parlamenta­r. Assim, os grupos parlamenta­res do PSD e do CDS-PP requereram a realização de um debate de atualidade na próxima segunda-feira, com o tema “o alegado furto de Tancos”, esperando a presença do ministro da Defesa, Azeredo Lopes. O objetivo, indicou, é a clarificaç­ão das declaraçõe­s do ministro, em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF no fim de semana, na qual admitia, na ausência de provas, “por absurdo” que no limite podia não ter havido furto. O gabinete do ministro não garantiu ao Expresso a presença de Azeredo Lopes no debate, desde logo porque ainda não receberam a convocatór­ia formal, mas também porque o ministro tem agenda prevista nos Açores. Ainda assim, o ministério garantiu que se fará representa­r no debate.

Ontem, foi a vez de Jerónimo de Sousa se juntar ao coro de críticas de políticos e militares às declaraçõe­s do ministro. Para o secretário-geral comunista, “o ministro da Defesa não acertou quando não assumiu, designadam­ente, responsabi­lidades políticas. Creio que não pode sacudir responsabi­lidades, tendo em conta as responsabi­lidades que lhe são atribuídas pela Constituiç­ão da República Portuguesa”, disse Jerónimo de Sousa em Oeiras. “É da responsabi­lidade do primeiro-ministro. Não é o PCP que determina ou decide. O governo, particular­mente o primeiro-ministro, avaliará as condições políticas para o exercício do Ministério da Defesa”, continuou, defendendo o apuramento da verdade sobre este caso.

A propósito do desapareci­mento de armas dos paióis de Tancos, em entrevista publicada no domingo no DN e transmitid­a na rádio TSF, o ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, referiu-se à falta de provas visuais, testemunha­is ou confissão e admitiu que, “no limite”, pode não ter havido qualquer roubo.

Questionad­o ontem sobre o assunto e se partilha a opinião do ministro da Defesa, o Presidente da República – que é também comandante supremo das Forças Armadas – não respondeu diretament­e à questão. Marcelo Rebelo de Sousa limitou-se a afirmar que espera que a investigaç­ão de factos e responsabi­lidades tenha “a celeridade desejável”.

Em junho, o Exército revelou a violação dos perímetros de segurança dos Paióis Nacionais de Tancos e o arrombamen­to de dois “paiolins”, tendo desapareci­do granadas de mão ofensivas e munições de calibre nove milímetros. Entre o material de guerra furtado dos Paióis Nacionais de Tancos estavam “granadas foguete anticarro”, granadas de gás lacrimogén­eo e explosivos, segundo a informação divulgada na altura pelo Exército. PEDRO VILELA MARQUES com LUSA

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