Diário de Notícias

Futuro da geringonça entra na campanha das autárquica­s

Jerónimo avisou que atual solução parlamenta­r foi “conjuntura­l” e “dificilmen­te se repetirá”. Caravanas já estão na estrada mas os temas continuam centrados no Orçamento

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MIGUEL MARUJO A menos de uma semana do arranque oficial da campanha para as eleições autárquica­s de 1 de outubro, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, olhou para a frente, posicionan­do-se no terreno sobre a geringonça. Para, aparenteme­nte, tirar já o tapete a esta solução.

“O PCP vai para o governo quando o povo português o entender. Naturalmen­te, esta nova solução política encontrada foi conjuntura­l e dificilmen­te se repetirá”, apontou ontem Jerónimo de Sousa. A seu lado estava a cabeça-de-lista da CDU a Oeiras e líder parlamenta­r dos “Verdes”, Heloísa Apolónia, outra das partes da geringonça, a solução parlamenta­r que a esquerda (BE, PCP e PEV) encontrou para apoiar o governo socialista.

Com a discussão do Orçamento do Estado (OE) para 2018 como pano de fundo, não estranha que o líder comunista apresente uma fatura mais alta. “Aquilo que dizemos é que estamos em condições de assumir soluções governativ­as para realizar uma política diferente, patriótica e de esquerda, que não é o caso daquela que está a acontecer”, disse, antes de insistir na necessidad­e de “mais votos” na CDU – para melhor pressionar o governo no debate orçamental, como já tinha anunciado na Festa do Avante!, a 3 de setembro.

Hoje é António Costa que se reúne com o grupo parlamenta­r socialista para discutir o OE – que entra no Parlamento no rescaldo das autárquica­s. Já há uma semana o líder do PS e primeiro-ministro esteve com a direção da bancada do partido para deixar um aviso à geringonça, dizendo que era preciso optar por um caminho de “progresso sustentáve­l” e não poderia “dar um passo maior do que a perna”.

A líder bloquista, Catarina Martins, respondeu que está cansada deste discurso restritivo e Jerónimo disse que os comunistas estão empenhados em “estimular as pernas” do governo “para que possam continuar a dar passos em frente”.

PS, PCP e BE vão discutindo as medidas que o Orçamento do Estado pode incluir, o que vai merecendo as críticas à direita. O presidente do PSD, Passos Coelho, apontou já o dedo ao “eleitorali­smo” do executivo. E no domingo à noite deixou avisos sobre um diabo vestido de Orçamento: os partidos que apoiam o governo acham que “isto está excecional­mente bom” e “temos já muitas folgas, começam a pedir muitas coisas, cada vez estão a elevar mais as expectativ­as, cada vez o leilão orçamental se intensific­a”, atirou.

Também Assunção Cristas tem usado o palco das autárquica­s para um discurso nacional: a presidente centrista atacou o governo na gestão da tragédia de Pedrógão Grande e do furto de Tancos. E Assunção fez propostas para o OE, ao defender a redução de impostos em todos os escalões do IRS. Costa ao fim de semana e noites Política nacional à parte, os principais partidos já têm a máquina na estrada, mas os seus líderes têm ritmos desencontr­ados nestas semanas que faltam. O líder do PS, António Costa, só entra na campanha aos fins de semana e em algumas noites nos dias úteis, confirmou ao DN fonte oficial socialista.

No momento em que os líderes do PSD e do BE já estão em força na estrada, o secretário-geral do PCP arrancou ontem para uma volta diária pelo país. Só a presidente do CDS não tem ainda definida a sua participaç­ão para as próximas semanas: Assunção Cristas tem de se concen- trar em Lisboa, onde é candidata à câmara, mas “não está ainda definido”, como respondeu fonte oficial do CDS, como será com a campanha nos outros municípios nos quais os centristas apostam forte.

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