Consumo de reservas naturais duplicou
O planeta perde 15 mil milhões de árvores e 24 mil milhões de solo fértil por ano
O consumo das reservas naturais do planeta duplicou nos últimos 30 anos, com um terço dos solos a apresentar-se severamente degradado, alerta um relatório, apresentado na 13.ª Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, a decorrer em Ordos, na China. O The Global Land Outlook salienta que em cada ano o planeta perde 15 mil milhões de árvores e 24 mil milhões de toneladas de solo fértil.
“Os pequenos agricultores, as mulheres e as comunidades indígenas são as populações mais vulneráveis, dada a dependência de recursos da terra, mas também devido à falta de infraestruturas e de desenvolvimento económico”, diz-se no documento. Atualmente, mais de 1,3 mil milhões de pessoas estão presas a solos agrícolas degradados e aumentou dramaticamente a luta por serviços fundamentais como alimentação, água e energia.
Traçando um cenário para a procura de terra até ao ano 2050, o relatório salienta que melhor planeamento e práticas sustentáveis poderiam ajudar a atingir muitos dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. “A degradação do solo e a seca são desafios fundamentais que estão intimamente ligados à maioria, se não a todos, os aspetos da segurança e bem-estar da humanidade, como a segurança alimentar, o emprego e as migrações”, disse a secretária executiva da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (CNUCD), Monique Barbut.
Achim Steiner, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, salientou, também, que mais de 250 milhões de pessoas são diretamente afetadas pela desertificação e que estão em risco cerca de mil milhões de outras, numa centena de países. “Uma minoria enriqueceu com o uso não sustentável e a exploração em larga escala dos recursos da terra”, sendo necessário repensar a forma de planificar, utilizar e gerir os solos, o que determinará o futuro dos recursos e o êxito ou fracasso da redução da pobreza, da segurança alimentar e da água e a redução dos riscos decorrentes das alterações climáticas, diz-se no documento. LUSA