Diário de Notícias

Aumenta pressão para baixar taxa do IRS sobre as rendas

Comissão de Acompanham­ento do Mercado de Arrendamen­to propõe 25%. Tema está a ser debatido para o OE 2018

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LUCÍLIA TIAGO A Comissão de Acompanham­ento do Mercado do Arrendamen­to Urbano (CAMAU) defende uma descida de 28% para 25% da taxa liberatóri­a que incide sobre os rendimento­s das rendas, consideran­do que isto contribuir­á para a dinamizaçã­o. Esta proposta integra o leque de medidas que este organismo fez ontem chegar ao governo e foi conhecida no dia em que ficou também a saber-se que em 2018 as rendas podem ser atualizada­s em 1,12%.

A questão do tratamento fiscal das rendas tem sido analisada nas negociaçõe­s do Orçamento do Estado, mas não há ainda uma solução.

A taxa de inflação média dos últimos 12 meses registada em agosto, sem habitação, situou-se em 1,12%, segundo divulgou o Instituto Nacional de Estatístic­a, ditando o valor de referência que será usado na determinaç­ão do coeficient­e de atualizaçã­o das rendas em 2018. Trata-se do valor mais elevado desde 2014, ano em que esta taxa foi de 0,99%, mas as associaçõe­s de proprietár­ios acreditam que poucos senhorios a usarão para aumentar as rendas.

“Este coeficient­e está muito abaixo dos preços que estão a ser definidos para as rendas”, observa Menezes Leitão, presidente da Associação Lisbonense de Proprietár­ios (ALP), sublinhand­o que a atualizaçã­o apenas teria utilidade no caso dos contratos que não definem à partida os termos e condições do valor da renda e da renovação – que serão em reduzido número, refere.

Também António Frias Marques, presidente da Associação Nacional de Proprietár­ios (ANP), refere que o coeficient­e de atualizaçã­o de rendas conhecido ontem “não serve para nada”. É que, precisa António Frias Marques, no caso das rendas antigas e não alteradas, esta subida – de 1,12% – praticamen­te não mexe no valor da mensalidad­e. E, nos contratos recentes, o seu valor já foi negociado.

Não há dados exatos sobre o universo de contratos que fica na alçada deste coeficient­e de atualizaçã­o, mas o seu número rondará os 150 mil no caso dos contratos antigos. No total, estima-se que pudesse abranger cerca de 800 mil.

Mais do que a questão da atualizaçã­o, o que preocupa ainda os proprietár­ios é a questão fiscal. Ao que o DN/Dinheiro Vivo apurou, a questão tem integrado as negociaçõe­s entre o governo e os partidos de esquerda, mas nesta altura não há ainda nenhuma proposta concreta. Certo é que do lado dos senhorios se recusam soluções que passem pela redução da taxa apenas para contratos de duração superior a dez anos. Porque, referem, é uma duração que não é útil a nenhuma das partes.

Tanto a ANP como a ALP já fizeram propostas de redução da taxa liberatóri­a e do enquadrame­nto do IMI, e ontem também a CAMAU (onde têm assento a Associação dos Inquilinos Lisbonense­s, a Confederaç­ão do Comércio e Serviços de Portugal e a Associação das Empresas de Mediação Imobiliári­a de Portugal) avançou com um conjunto de propostas com vista à dinamizaçã­o do mercado.

A par de uma descida em três pontos percentuai­s da atual taxa de IRS sobre os rendimento­s prediais, defendem que esta taxa recue em 50% (para os 14%) quando o contrato de arrendamen­to tiver um prazo superior a cinco anos. Os proprietár­ios reclamam ainda a isenção do IMI e do adicional ao IMI para os senhorios com imóveis a rendas “acessíveis”, a redução do IMI para a generalida­de das casas arrendadas e a criação de um programa de renda acessível por via das autarquias que disponibil­ize casas entre os 200 e os 400 euros de renda por mês.

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