Mossos no meio da guerra entre Madrid e Barcelona
Ministério Público ordenou que todos os materiais envolvidos na realização da consulta sejam apreendidos
REFERENDO O Ministério Público da Catalunha deu ontem instruções a todos os corpos de polícia presentes na região para impedirem o referendo independentista de 1 de outubro convocado pela Generalitat e proibido pelo Tribunal Constitucional. As diretrizes parecem dirigidas em particular aos Mossos d’Esquadra, a polícia catalã que depende diretamente do governo regional.
Segundo uma nota enviada à imprensa, o Ministério Público dirigiu-se a “todas as forças da polícia” – Guardia Civil, Corpo Nacional de Polícia e Mossos d’Esquadra – para lhes dar instruções no sentido da necessidade de atuarem contra as autoridades, funcionários ou particulares, “com o fim de evitar que se cometam delitos”.
“Os agentes de polícia [...] irão adotar diretamente as medidas necessárias para apreender os meios ou instrumentos destinados a preparar ou organizar o referendo ilegal”, segundo o documento. Entre essas medidas, a magistratura refere a apreensão de “urnas, boletins de voto, manuais para os membros das mesas, impressos eleitorais, propaganda eleitoral, elementos informáticos, assim como todo o material de difusão, promoção ou execução do referendo ilegal”.
O presidente da Generalitat, Carles Puigdemont, pediu ontem às autoridades de Madrid para “deixarem em paz” os Mossos D’Esquadra, sublinhando que a sua prioridade é “velar pela segurança das pessoas” e não ir à procura das “mais de seis mil urnas distribuídas pelo território”. “A prioridade absoluta do governo da Catalunha ao mobilizar os efetivos é a luta contra o terrorismo”, acrescentou o porta-voz da Generalitat, Jordi Turull.
Na sexta-feira, após as instruções iniciais dadas pelo procurador-geral de Espanha sobre este tema, Íñigo Méndez de Vigo, o porta-voz do governo de Mariano Rajoy, já havia dito acreditar que os Mossos iriam cumprir a lei. “Os Mossos são a polícia catalã. De todos os catalães e não a polícia secessionista. Obedecerão ao procurador-geral do Estado”, declarou o também ministro da Educação.