Temer lidera organização criminosa, diz polícia
Relatório pode levar a nova denúncia contra o presidente da República. “Bandidos constroem versões”, garante ele
BRASIL Um relatório da polícia federal concluiu haver indícios da existência de “organização criminosa” no governo do Brasil. Segundo o texto, enviado ao Supremo Tribunal Federal, o presidente Michel Temer e cinco dos colaboradores mais próximos, todos do PMDB, teriam desviado milhões de reais. Só no caso de Temer, estima a polícia, 31 milhões – perto de nove milhões de euros.
“O grupo mantinha estrutura organizacional com o objetivo de obter direta e indiretamente vantagens indevidas em órgãos da administração pública”, afirma a polícia. Além de organização criminosa, a justiça viu indícios de prática de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e fraude em licitações. O processo pode levar a nova denúncia contra Temer e a mais uma votação na Câmara para decidir o futuro do presidente.
O presidente reagiu em nota dizendo que “bandidos constroem versões” e “facínoras roubam do país a verdade”, aludindo aos depoimentos de delatores.
Entre os acusados, além de Temer – um dos chefes do grupo no entender das autoridades – estão políticos do PMDB que ou trabalham no Planalto, lado a lado com o presidente, ou já estão presos. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o secretário da presidência, Moreira Franco, estão no primeiro caso. Do segundo, constam Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados já condenado a mais de 15 anos de prisão, e Henrique Eduardo Alves, também ex-líder da câmara baixa. O quinto citado é GeddelVieira Lima, que foi ministro de Temer, e em cujo apartamento foram encontrados na semana passada 51 milhões de reais na maior apreensão em dinheiro vivo da história da polícia federal.
De acordo com a polícia, os desvios de Temer foram nas estatais Caixa Económica Federal e Petrobras. O presidente recebeu ainda subornos, diz o relatório, de empresas privadas em troca de favores.
Entretanto, Lula da Silva foi denunciado pela nona vez pela justiça brasileira. Desta vez, na Operação Zelotes, acusado de aprovar projetos-lei favoráveis ao setor automóvel em troca de contrapartidas.