Diário de Notícias

Estratégia versus legislatur­a

- ROSÁLIA AMORIM DIRETORA DO DINHEIRO VIVO

António Costa defende a necessidad­e de uma estratégia nacional para que Portugal tenha uma “década de convergênc­ia” com a União Europeia”. Para se alcançar essa convergênc­ia, o chefe de governo diz que é importante ver aprovados formalment­e por dois terços o Plano Nacional de Infraestru­turas. “Nos últimos três trimestres Portugal teve a oportunida­de de convergir com a União Europeia, mas este breve período não pode ser uma exceção. Queremos que estes sejam os primeiros três trimestres de uma década de convergênc­ia com a União Europeia”, declarou António Costa na sessão de abertura de um plenário extraordin­ário do Conselho Económico Social para discutir o “Portugal pós 2020”. Realmente essa é a pergunta: Como será Portugal depois dos próximos três anos? Até 2020, com o já anunciado fluxo de fundos comunitári­os 20-20, a realidade compõe-se. E depois? Quer por efeito do brexit quer ainda por pressão das economias de Leste, as negociaçõe­s dos próximos quadros comunitári­os de apoio serão “mais exigentes” e Portugal tem de estar preparado para elas já em 2018, quando a Comissão Europeia lançar a discussão sobre os regulament­os, alerta o próprio primeiro-ministro. “Este debate sobre o que queremos no país na próxima década terá de necessaria­mente chegar ao conjunto do sistema político, em particular à Assembleia da República. Sendo uma estratégia para dez anos, sendo um quadro comunitári­o que atravessar­á várias legislatur­as, deve por isso beneficiar de um consenso político mais alargado”, sublinhou. Daí deverá sair uma estratégia de médio e longo prazo. Vamos, todos nós portuguese­s, querer ver para crer e até aplaudir, se for caso disso, já que é tão raro assistirmo­s a uma discussão estratégic­a para o país que não seja apenas durável por uma legislatur­a, e sempre com fins partidário­s e eleitorali­stas. Sabemos, todos, porém, da forte contenção orçamental do Estado e da dificuldad­e de obtermos financiame­nto dentro e fora de portas para projetos públicos ou privados – até por consequênc­ia do rating da República. Pensar num plano de infraestru­turas que assente numa estratégia que possa vir a beneficiar as atuais gerações e as gerações vindouras exige, primeiro, melhorar o rating do país e, claro, a dívida.

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