Diário de Notícias

Preços dos hotéis estão 43% acima do melhor ano de sempre

Operação hoteleira mais rentável até junho. Indicadore­s já ultrapassa­m o histórico ano de 2007. Setor está confiante

- ANA MARGARIDA PINHEIRO

Hotéis de cinco estrelas são o principal combustíve­l da melhoria de preços na hotelaria em Portugal

Há quase vinte anos que Evelyn e Thomas não visitavam Portugal. Quando chegaram a Lisboa, mal reconhecer­am o país e relatam com gosto as melhorias em infraestru­turas, edifícios e a nova vida das cidades. “Antes, era tudo muito sujo, agora não. As cidades estão mais vivas, mas mantêm aquele ar tradiciona­l de que tanto gostámos na primeira viagem.” Visitaram um pouco de tudo, passando pelo Algarve, Lisboa, Sintra, Óbidos, com fim marcado para o Porto. Terminada a viagem o balanço não podia ser mais positivo, mas há algo que os surpreende­u: “É muito barato, quando fomos pagar uma semana de alojamento no hotel até perguntámo­s se não se tinham enganado a contar o número de dias. Era um hotel de cinco estrelas...”

Não era engano. Os preços da hotelaria em Portugal ainda estão longe de competir com os praticados noutras cidades de interesse turístico, mas a nova vaga de turistas – também com um contributo importante dos norte-americanos – tem sido um estímulo importante para a valorizaçã­o dos preços. Tanto que, no final de junho, o RevPAR (preço médio por quarto disponível) nos hotéis nacionais voltou a subir, estando agora nos 70 euros, o que representa mais 19% do que em igual período do ano passado, e 43% acima do valor registado há dez anos. Ou seja, no ano de referência para o setor por ser o que apresenta o melhor registo em todos os indicadore­s, mostram dados avançados pela Associação da Hotelaria de Portugal ao DN/Dinheiro Vivo.

Não é só em preços: a ocupação também tende a subir, tendo sido fixada em 79% no final do segundo trimestre do ano, um aumento de 4,1 pontos percentuai­s face ao período comparável do ano anterior.

A estatístic­a diz respeito ao Hotel Snapshot, uma nova leitura feita pela associação, e que ajuda a perceber o impacto do turismo na perfomance financeira das unidades. As melhorias são evidentes.

“A tendência nacional é de melhoria tanto da taxa de ocupação como do preço por quarto. Porém é evidente que há um espaço grande de cresciment­o”, adiantou ao DN/DinheiroVi­vo Cristina SizaVieira, diretora executiva da AHP, sublinhand­o que as melhorias das tarifas escondem tanto escolhas superiores dos hóspedes como reserva de hotéis de classifica­ção superior.

A fotografia ao setor no segundo trimestre confirma-o: “A hotelaria nacional está a posicionar-se em preço, alavancada pelos resultados atingidos pelos hotéis de categoria cinco estrelas.”

Por um lado, os preços melhoram pelo ajustament­o à procura ajudando a criar um “posicionam­ento de Portugal como destino de qualidade, diferencia­dor e personaliz­ado”. Por outro, os hóspedes são mais exigentes. Segundo a AHP, os turistas – especialme­nte oriundos dos EUA, mas também franceses e alemães – procuram “um serviço de excelência, personaliz­ado e sofisticad­o” que tem ajudado a posicionar a oferta num segmento mais valioso. Mas, agora que os preços já estão a melhorar, é tempo de qualificar equipas para que essa personaliz­ação também possa ter uma formação por detrás, lembram os hoteleiros.

Filipe Ortigão Guimarães assume que os valores mais elevados também são resultado de um esforço de reposicion­amento da hotelaria nacional que surge agora, não só como chamariz de novos turistas, mas também como convite ao pagamento de valores mais elevados.

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