Medina acusa adversários de passarem informações falsas Socialista mostrou-se indignado com notícias sobre a compra da sua casa e diz que foram passadas por fonte de candidatura adversária
Fernando Medina explica-se. Depois da publicação de notícias sobre uma investigação do Ministério Público à compra que o presidente da Câmara de Lisboa realizou há um ano de uma casa de uma familiar de Teixeira Duarte – empresa à qual a autarquia entregou depois uma empreitada por ajuste direto –, por 645 mil euros, menos quase 200 mil do que o preço pago pela antiga proprietária, Medina veio garantir que até pagou acima do que era pedido no anúncio da imobiliária.
Em declarações à TVI 24 ontem, Medina acusou mesmo “fonte partidária em candidaturas adversárias” de estar a passar informações “falsas” aos jornais, argumentando que “desconhecia qual o posicionamento da proprietária na hierarquia da família [Teixeira Duarte], as suas relações com o grupo” e que não comprou “uma casa à Teixeira Duarte”, mas “um apartamento em frente aos meus sogros”. Ao DN, fonte do DIAP de Lisboa confirmou que os factos estavam a ser investigados mesmo antes de as notícias virem a público.
O atual autarca de Lisboa e candidato pelo PS justificou no site da sua campanha que “a casa foi adquirida por 645 mil euros em vez dos 635 mil solicitados, uma vez que teve mais do que um interessado a fazer propostas”, juntando um documento que sustenta estas afirmações. “A casa, com 12 anos, na zona das Avenidas Novas, com uma área bruta privativa de 182 m2, foi adquirida pelo valor de 645 mil euros, a que corresponde um preço por metro quadrado de 3544 euros.” O autarca apresentou um documento no qual considera que se prova “que o preço a que adquirimos o imóvel enquadra-se nos valores por metro quadrado a que foram vendidos a quase totalidade dos imóveis nesse prédio”.
Outras das questões em causa, como noticiou o Observador,é a falta de declaração ao Tribunal Constitucional (TC) da propriedade do duplex na Av. Luís Bívar, tendo apenas informado do pagamento de um sinal de compra de 220 mil euros.
Também aqui, na declaração que publicou no site da sua campanha, Fernando Medina rebate as acusações, ao dizer que atualizou, em agosto do ano passado, a declaração do Tribunal Constitucional, dando conta do contrato-promessa celebrado e da forma como o iria liquidar. “Fiz referência exaustiva ao financiamento da entrada inicial (realizado com o apoio das nossas famílias), e da nossa intenção de contrair um empréstimo bancário para financiamento do restante. Como a lei determina, no fim do mandato que exerço, irei apresentar dentro de dias nova atualização da declaração de rendimentos e património ao Tribunal Constitucional.” “Calúnia” e “indignação” Ao final do dia de ontem, Medina considerava que esta questão foi “um ato normal”, entretanto “transformado numa calúnia e insinuação”, expressando “indignação”. Defendendo que a denúncia assenta em “factos falsos” que “ofendem” a sua honra. Já no seu site,o presidente da Câmara de Lisboa tinha afirmado que “até ser questionado por órgãos de comunicação social nunca pensei que fosse imaginável qualquer associação deste ato de compra de casa às minhas funções na CML ou a decisões aí tomadas. Por ser impróprio, irreal e absurdo”.
O autarca rematou ontem que “está declarada a aquisição da casa, a forma como ela é financiada, a forma aliás de entrada do valor da casa. Está lá muito mais do que a lei obriga”, reforçou Fernando Medina, assumindo “um compromisso de transparência”. Admitindo que, até ao momento, não lhe foi solicitada nenhuma retificação à declaração de rendimentos entregue em agosto.