A oferta de dinheiro pode dar a sensação de que é uma “situação aliciante”. Há mulheres que levam as filhas para também “se casarem”
De acordo com o responsável, o recrutamento feito pelo português – que vivia na Alemanha – incidia na zona da Grande Lisboa, principalmente em bairros conhecidos por terem problemas sociais.
“A única fase da atuação da rede em Portugal era a do recrutamento. É um país de passagem. Pessoas com dificuldades económicas podem achar que o risco é pequeno. Por vezes os companheiros sabem destas situações. Acham que acaba por ser aliciante [por causa das verbas envolvidas]”, adiantou Paulo Pimenta. Segundo o inspetor do SEF, muitas vezes “as mães levam as filhas para estes casamentos. O recrutamento acaba por ser feito num círculo muito próximo”.
Já no caso das mulheres toxicodependentes que a rede procurava o objetivo não era tanto o de as “casar”, mas sim de lhes pagar pelos documentos. “Por vezes pagam-lhes 50 euros pelo passaporte, que depois é falsificado e serve para outro Ter nacionalidade mais tarde Uma das questões que os chamados casamentos brancos levantam é a da possibilidade de os imigrantes que conseguem ter a sua situação legalizada poderem obter, mais tarde, a “nacionalidade portuguesa”. “Este parceiro no negócio – esta situação é um negócio – pode requerer a nacionalidade”, lembrou Paulo Pimenta, alertando para o perigo que a situação poderá envolver.
Uma problemática que estará em análise, ainda neste mês, na Europol durante uma reunião com todos os Estados membros da União Europeia, que enfrentam cada vez mais este crime. “O combate a este tipo de atividade criminal é uma das prioridades” na Europa, frisou o inspetor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.