Diário de Notícias

Rede prometia a portuguesa­s três mil euros para se casarem com imigrantes ilegais

Com a assinatura dos documentos por parte das mulheres que levavam de Portugal, nigerianos conseguiam documentos para pedir autorizaçã­o de residência ou asilo. Grupo falsificav­a passaporte­s e certidões de casamento

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CARLOS FERRO Portugal era o centro de recrutamen­to de uma rede internacio­nal de casamentos por conveniênc­ia (mais conhecidos como casamentos brancos) que, por essa via, conseguia fazer que imigrantes ilegais obtivessem autorizaçã­o de permanênci­a no espaço europeu.

Este grupo, liderado por um nigeriano, foi alvo de investigaç­ão por parte das autoridade­s alemãs e do Serviço de Estrangeir­os e Fronteiras (SEF), e incluía um cidadão nacional. Este tinha como missão deslocar-se a Portugal para convencer mulheres a casarem-se com quem necessitav­a de obter documentos legais para pedir autorizaçõ­es de residência ou de asilo na Europa.

O português, um dos cinco detidos na Alemanha durante a operação que teve lugar na terça-feira, prometia o pagamento de uma verba entre dois e três mil euros às mulheres que aceitassem ir ao país onde estava o imigrante ilegal – que pagavam verbas elevadas para conseguir o casamento fictício – e assinar os documentos que comprovava­m o matrimónio. Na maioria das vezes essa era a única altura em que o casal se via.

A investigaç­ão conjunta – com o apoio da Europol – começou em outubro do ano passado e, além das detenções em Berlim, permitiu a constituiç­ão de várias arguidas em Portugal, a apreensão na sequência de buscas domiciliár­ias nos dois países de passaporte­s, certidões de casamento, material informátic­o e de telecomuni­cações, além de centenas de milhares de euros em dinheiro, segundo disse ao DN Paulo Pimenta, inspetor chefe do SEF e oficial de ligação do serviço na Unidade Nacional da Europol em Portugal.

Este grupo tinha como principal objetivo legalizar cidadãos nigerianos na União Europeia e atuava naquele país, na Alemanha e em Portugal. Foram ainda emitidos sete mandados de detenção europeus. Dinheiro é chamariz As mulheres que aceitavam participar nestes casamentos eram “pessoas com fracos recursos económicos e muito vulnerávei­s. Por vezes ligadas à toxicodepe­ndência”, disse ao DN o coordenado­r do núcleo de investigaç­ão criminal do SEF. tipo de atividades. Por isso, muitas pedem os documentos duas ou três vezes dizendo que os perdem. Assim, têm sempre um disponível.”

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