Diário de Notícias

Surpresa nos autores finalistas do Man Booker

Arundhati Roy, Colson Whitehead e Zadie Smith ficaram de fora da última lista. Vencedor é conhecido a 17 de outubro

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PRÉMIO O anúncio da shortlist dos romances que seguem em frente para a final do Prémio Man Booker (anúncio a 17 de outubro) surpreende­u muita gente, quanto mais não seja pelos nomes que ficaram de fora: Arundhati Roy e Colson Whitehead. Aliás, ao ter sido revelada há poucas semanas a última lista dos 13 autores, a grande especulaçã­o era se a autora indiana de O Ministério da Felicidade Suprema iria repetir o feito pouco habitual de receber o Booker por duas vezes – com o picante de só ter publicado dois romances. Quanto a Colson Whitehead e o seu A Estrada Subterrâne­a, o júri do Man Booker fez aquilo que o seu homólogo do Pulitzer, o National Award e mais três grandes prémios norte-americanos não foram capazes: excluí-lo liminarmen­te. Isto sem referir o novo e já celebrado romance de Zadie Smith, Swing Time.

Assim, mantêm-se na corrida dois autores muito conhecidos, Paul Auster, com o seu extenso 4321, e Ali Smith, com Outono. Foram também selecionad­os os romances da norte-americana Emily Fridlund, History ofWolves; do paquistanê­s-inglês Mohsin Hamid, ExitWest; da inglesa Fiona Mozley, Elmet; de George Saunders, Lincoln no Bardo (já traduzido).

Nas entrevista­s que o Man Booker tem publicado com os autores da lista longa, Ali Smith é a única que continua. Para ela, fora uma “boa surpresa, especialme­nte por estar numa companhia tão boa”. Já não está assim em tão boa companhia, mesmo que os “sobreviven­tes” sejam – alguns – reconhecid­os pelo público, nem cumpram os objetivos tão diversific­ados que o comentário do júri dera para ter escolhido os 13 autores anteriores: “Livros que se encaixam num espectro variado de vozes e estilos literários e com protagonis­tas diversos em idade, género e cultura.”

As reações não se fizeram esperar, entre as quais a de se estar perante um trio de autores que nunca publicaram anteriorme­nte: George Saunders, Emily Fridlund e Fiona Mozley. São três primeiros livros, realidade que já se verificou, basta ver o exemplo da “irradiada” Arundhati Roy com o seu O Deus das Pequenas Coisas em 1997; ou de romances, como os de Colson Whitehead e Mike McCormack, que fogem aos padrões tradiciona­is da literatura contemporâ­nea.

A lista final representa um corte radical com a anterior e há quem diga que as vozes mais irreverent­es do júri foram mantidas na ordem pela presidente, a baronesa Lola Young, deixando de lado as liberdades literárias muito próprias do Man Booker. Veremos quem vence este galardão que vale 50 mil libras, a dividir entre escritor e tradutor, onde não se encontra um autor representa­tivo da língua portuguesa. JOÃO CÉU E SILVA

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