Diário de Notícias

A aposta chinesa para chegar ao topo do ténis masculino

Wu Yibing foi campeão do torneio júnior e é o primeiro homem chinês a ganhar um título de ténis do Grand Slam

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US OPEN A relação chinesa com o ténis ainda só conheceu algum sucesso no feminino, com os dois títulos de Grand Slam conquistad­os pela já retirada Li Na – Roland-Garros em 2011 e Open da Austrália em 2014. Mas o forte cresciment­o da aposta na modalidade nos últimos anos parece finalmente estar a produzir resultados também entre os homens, como promete a proeza do jovem Wu Yibing no torneio júnior do US Open, onde se tornou o primeiro chinês a ganhar um título masculino do Grand Slam.

Num país habituado a dominar outros desportos de raquetes, como o ténis de mesa ou o badminton, a popularida­de do ténis é um fenómeno relativame­nte recente, a acompanhar o forte cresciment­o da classe média chinesa. E, se na vertente feminina a China já teve em Li Na a sua primeira grande estrela, no setor masculino nunca conseguiu sequer um jogador nos cem melhores do mundo.

Agora, com a vitória sobre o argentino Axel Geller (por duplo 6-4) na final do US Open júnior, no dia 10,WuYibing assume-se como o rosto de liderança de uma nova geração que tenta elevar a China ao topo do ténis. “Penso que esta vitória é importante para provar a nós mesmos e ao mundo inteiro que os tenistas chineses podem ser tão bons como os outros”, referiu no final o jovemYibin­g, de 17 anos, que assumiu também a vontade de continuar a fazer história pelo seu país. E o próximo objetivo passa por derrubar essa muralha histórica que tem mantido os homens chineses fora do top 100 do ATP.

Para já, Wu Yibing, que lidera a tabela mundial de juniores, aparece no lugar 496 do ranking profission­al masculino, no qual os chineses mais bem colocados são Di Wu, de 25 anos, em 222.º, e Ze Zhang, de 27 anos, em 234.º.

A rápida progressão de Wu Yibing no último ano, no entanto – com a final na prestigiad­a Orange Bowl júnior, as meias-finais no Open da Austrália e, agora, este sucesso no US Open, onde também ganhou a competição de pares –, faz aumentar as expectativ­as sobre o potencial futuro deste jovem nascido em Hangzhou, no Leste da China, e que começou a praticar ténis aos 4 anos, depois de a mãe o ter levado a jogar badminton num parque e percebido que a rede era ainda muito alta para ele.

Treinado pelo espanhol Carlos Rodríguez – o mesmo que levou Li Na ao sucesso –, Yibing divide os treinos entre a China e Espanha. “O que me impression­a nele é a sua criativida­de no court. Consegue fazer coisas que não se veem noutros jogadores”, elogia o treinador. Está lançado o assalto chinês ao topo do ténis masculino? RUI FRIAS

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