Para o secretário de Estado, Rex Tillerson, a Coreia do Norte está a ameaçar as democracias de Japão e Coreia do Sul e também os EUA
em todas as tomadas de posição, inclusive por Washington, ainda que neste último caso, não descartando a “opção militar”, afirmou ontem o conselheiro de segurança nacional H.R. McMaster. Este, que falava na Casa Branca ao lado da embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, salientou, no entanto, que “não é esse o caminho que preferiríamos seguir”; mas, de forma algo ambígua, notou que as opções são limitadas, já que através da diplomacia e de sanções não se está a atingir o resultado pretendido. Argumentos retomados por Nikki Haley, que conjugou o argumento da diplomacia com o das “muitas opções” ao dispor do secretário da Defesa, Jim Mattis.
As declarações de McMaster e de Haley ilustram a dimensão do desafio que EUA, Coreia do Sul e Japão estão a enfrentar. Dimensão que se atesta pelo anúncio de um almoço de trabalho de Donald Trump com o seu homólogo sul-coreano, Moon Jae-in, e o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, na próxima semana em Nova Iorque, à margem da Assembleia Geral da ONU. Segundo o secretário de Estado Rex Tillerson, falando ontem em Washington, o “regime agressivo e isolado da Coreia do Norte ameaça as democracias da Coreia do Sul, do Japão e, mais importante e mais recentemente, estendeu essas ameaças aos EUA, pondo em risco todo o mundo”.
Noutro plano, o disparo do míssil não afetou os mercados, que se mantiveram tranquilos, sem alterações significativas no preço do petróleo ou do ouro. A Coreia do Norte “fala grosso nas suas ameaças”, mas “não são elas que desestabilizam os mercados”, disse à Reuters ontem Rahul Shah, diretor de uma gestora de investimentos baseada em Nova Iorque. Efeitos nos equilíbrios regionais Uma eficaz contenção da ameaça norte-coreana não deixará de ter, segundo alguns analistas, reflexos nos equilíbrios regionais. Desde logo, pelo papel que o Japão teria nesse novo quadro. Para Berkshire Miller, do Instituto Japonês de Estudos Internacionais, Tóquio “tem de pensar novas estratégias de segurança” e reforçar os “mecanismos de dissuasão” em comum com Washington. Escrevendo na edição online da Nikkei Asian Review, Miller sublinha que, por exemplo, qualquer alteração à política de não existência de armas nucleares (dos EUA) em solo japonês “alteraria o equilíbrio regional com a China e poderia resultar em contramovimentos por parte de Pequim” ou a Coreia do Norte interpretar essa colocação como sinal da iminência de um ataque ao seu território.
Um ponto sublinhado num texto de três analistas do Instituto para o Desarmamento das Nações Unidas publicado ontem na edição online de The Diplomat. John Borrie, Tim Caughley e Wilfred Wan escrevem que “aqueles que advogam o recurso à dissuasão das armas nucleares como única forma de conter a Coreia do Norte, ignoram as dinâmicas de segurança assimétrica que levaram à atual situação – e onde aquela poderia conduzir”.