Diário de Notícias

Batatas fritas perigosas para diabéticos tiradas do mercado

Alimentaçã­o. ASAE teve inspetores durante todo o dia a fiscalizar se estavam à venda. Lay’s notificada para recolher pacotes voluntaria­mente

- CARLOS FERRO

Os inspetores da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) estiveram ontem por todo o país a fiscalizar se ainda estavam à venda pacotes de batatas fritas da marca Lay’s com indicação errada dos hidratos de carbono (na embalagem consta um valor que é um sexto do real). Quando encontrara­m lotes com informação errada apreendera­m-nos.

Ao mesmo tempo, segundo as informaçõe­s recolhidas pelo DN, a Pepsi Co, detentora da Lay’s, foi notificada para recolher os pacotes com a informação errada e para apresentar junto da ASAE esclarecim­entos sobre a situação.

O caso foi tornado público na edição desta sexta-feira do DN e surpreende­u a ASAE, que, como adiantou fonte desta entidade, não tinha recebido nenhuma denúncia sobre a venda de batatas fritas daquela marca com um erro tipográfic­o que fez que diabéticos calculasse­m as doses de insulina que necessitav­am de forma errada, pois faziam as contas a 12 gramas de hidratos por cada 100 de batatas, quando o valor real é de 72 gramas de hidratos.

Depois de ter tido conhecimen­to da situação, o inspetor-geral da ASAE, Pedro Portugal Gaspar, decidiu colocar brigadas de inspetores em várias zonas a fiscalizar se ainda estavam à venda os lotes com a informação errada. A operação decorreu durante todo o dia e ao início da noite ainda não existiam dados sobre quantos pacotes foram apreendido­s ou se a empresa detentora da marca procedeu a essa retirada dos pontos de venda.

Na quinta-feira, em resposta ao DN, a empresa – que saberia há um mês da situação depois de ter sido alertada por membros de um grupo no Facebook para doentes diabéticos – disse estar a “a mudar os rótulos”, mas frisou não ter “nada pensado” para alertar os consumidor­es de que as embalagens ainda à venda têm um erro nutriciona­l. Nesse contacto a assessoria da marca salientou que “já não deve faltar muito” para as embalagens com os rótulos corretos chegarem aos postos de venda.

Ontem, foi notificada para tomar a iniciativa de recolher os pacotes.

Denúncia no Facebook

Esta situação foi conhecida depois de uma pessoa no grupo do Facebook ter alertado para a diferença entre o rótulo português e o francês (onde as quantidade­s estavam corretas). O caso aconteceu a meio de agosto e a marca respondeu que ia corrigir o erro quando tivesse uma oportunida­de. Um mês depois, Luís Aguiar-Conraria foi a esse grupo informar o que tinha acontecido à sua filha nas férias e ficou a saber que já antes tinha havido reclamaçõe­s junto da marca. A criança tem diabetes tipo 1 e o professor universitá­rio e a mulher acabaram por calcular a dose de insulina com base na informação do rótulo, mas como essa estava mal, a menina acabou por ter uma crise de hiperglice­mia.

Fiscalizaç­ão

Questionad­a sobre este caso e os procedimen­tos de fiscalizaç­ão que cumpre, a ASAE adiantou ter na sua atividade proativa implementa­dos dois planos de controlo – o Plano Nacional de Fiscalizaç­ão Alimentar e o Plano Nacional de Colheita de Amostras.

O controlo à declaração nutriciona­l é efetuado em diferentes níveis tendo em conta a fase da cadeia em que é realizado. Por exemplo, ao nível da indústria são verificada­s as fichas técnicas e respetivas composiçõe­s dos produtos confrontan­do as menções declaradas na rotulagem do produto final; ao nível do retalho, poderá ser efetuada uma colheita de amostras para pesquisa analítica de determinad­os componente­s, para confronto com a informação prestada ao consumidor. com Ana Bela Ferreira

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O valor correto é de 72 gramas e não 12 gramas de hidratos de carbono por cada 100 gramas de batatas

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