“Seria parvoíce desculparem-se com lesões se perderem”
Benfica. Encarnados passam por fase menos positiva, mas nem as baixas poderão justificar ventual desaire hoje no Bessa, de acordo com Isaías
O Benfica vem de uma derrota para a Champions, uma vitória difícil para o campeonato com o Portimonense e de um empate com o Rio Ave. Esta tarde (18.15, Sport TV1) desloca-se ao terreno do Boavista, que tem um novo treinador ( Jorge Simão) e onde os grandes têm por hábito passar por dificuldades. Que o diga Isaías, antigo jogador dos axadrezados e também do Benfica. Ao DN, o avançado brasileiro perspetiva um jogo complicado para os encarnados, a quem não admite desculpas das últimas más exibições devido às lesões de vários jogadores importantes.
“No meu tempo, se o Isaías se lesionasse ou outro colega não pudesse jogar, entrava outro com as mesmas qualidades, a equipa não se ressentia com leões ou castigados. Aliás, isso é o Benfica. Não há segundas escolhas e se as há é porque algo foi mal preparado, mas não acredito, muito sinceramente. O Benfica não se pode desculpar com lesões, todos têm o mesmo nível, os clubes grandes constroem os plantéis muito equilibrados. Isso não é desculpa, seria parvoíce desculparem-se com lesões se perderem no Bessa”, disse ao DN o ex-jogador, confessando também que o mau arranque da temporada dos encarnados, nomeadamente a nível das exibições, ainda não é motivo para alarme.
“Os adeptos têm de ser mais pacientes. O Benfica foi campeão nos últimos quatro anos e tem dominado sem problemas o futebol por- tuguês. É claro que nem sempre tudo pode correr bem, mas estamos apenas no início do campeonato. Quantos pontos de atraso têm? Dois? Isso é ridículo, não tenho acompanhado ao pormenor, mas se é só isso não há motivos para preocupações, ainda é muito cedo, tudo pode mudar de um momento para o outro”, afirmou o brasileiro, que se destacou no campeonato português nos anos 1990, tendo passado no Rio Ave ainda antes de rumar ao Boavista e posteriormente ao Benfica.
As memórias do Bessa
Exibições à parte, o jogo desta tarde no Bessa traz boas memórias ao brasileiro, que defrontou os encarnados duas vezes no Bessa, de pantera ao peito, tendo posteriormente defrontado os axadrezados pelas águias durante cinco temporadas. “Eram sempre jogos muito especiais. Primeiro, quando estava no Boavista, porque todos os jogadores que ali jogam esperam sempre por defrontar os grandes. Mas contra o Benfica era ainda mais especial, pois antes de representar o clube não entendia como tinham tantos adeptos no Norte do país. Depois, já com a camisola do Benfica, é que senti mesmo o que é jogar contra o Boavista no Bessa. Foi sempre um clube de muita vontade, no qual os jogadores suavam sempre a camisola. Era dos jogos mais emocionantes do campeonato e tenho a certeza de que ainda continua assim, o Boavista será sempre um dos maiores clubes portugueses”, referiu Isaías.
Quanto ao embate de hoje no Bessa, e tal como na sua época, a jogar de um lado ou de outro, o brasileiro acredita que o Benfica terá uma árdua tarefa para conquistar a vitória diante dos axadrezados. “Não será mesmo nada fácil. Não conheço agora o Boavista, mas tenho a certeza de que a mentalidade é a mesma. É o Benfica, um clube do Sul, que vai ao Bessa, na minha altura era o suficiente para os jogadores ficarem ainda mais empolgados. Será muito duro, tenho a certeza. Se o Benfica quiser vencer terá de provar o que é o Benfica. Se o provar, tenho a certeza de que vencerá”, disse o ex-avançado, que não está a torcer por ninguém em particular na partida desta tarde.
“Passei muito mais tempo no Benfica, onde conquistei muitos títulos, mas se não fosse a minha etapa no Boavista também não tinha ido jogar para lá. Por isso só estou a torcer pelo futebol, que ganhe o melhor e aquele que merecer, sinceramente. Como já disse, mesmo que o Benfica não vença, nada está perdido”, concluiu o antigo futebolista, que teve um dos pontos altos pelo clube da Luz nos dois golos ao Arsenal, em 1991, na vitória por 3-1 em Londres para a Taça dos Campeões Europeus.