Alzheimer. Preservar o espaço familiar é crucial para os doentes
A Fundação Champalimaud acolhe durante esta semana uma cimeira internacional sobre demências. Em foco estão os aspetos de saúde, sociais e científicos da doença
FILOMENA NAVES Uma abordagem personalizada em relação às pessoas que sofrem de demência é uma das pedras-de-toque de uma estratégia nesta área. Além de o diagnóstico dever ser o mais precoce possível, para permitir o estabelecimento de um plano de cuidados no qual a própria pessoa possa estar ainda envolvida, esses cuidados devem passar também pela adaptação da própria casa do doente, de forma a retardar o mais possível a necessidade de uma solução institucional.
Estas são algumas das ideias-chave deixadas ontem pelos intervenientes na Alzheimer’s Global Summit Lisbon 2017, que está a decorrer nesta semana na Fundação Champalimaud, em Lisboa, entidade que também coorganizou a conferência, com a Fundação Rainha Sofia, de Espanha.
Promover a qualidade de vida das pessoas com demência, para além dos cuidados de saúde e do acompanhamento personalizado, passa nomeadamente pela manutenção do seu ambiente familiar em casa. Na sua intervenção, ontem, num dos painéis da manhã, a suecaWilhelmina Hoffman, médica geriatra e coordenadora da instituição Silviahemmet e do projeto SilviaBo, ambos apoiados pela rainha Sílvia, da Suécia, enunciou, justamente, algumas das adaptações que podem ser facilmente feitas numa casa em que o morador, ou um dos moradores, teve um diagnóstico de Alzheimer. Desde a aplicação de vidros nas portas dos armários, para tornar visíveis os utensílios e objetos que contêm, à colocação de luzes em todos os interruptores, utilização de cores diferentes nas pegas e maçanetas de portas ou a colocação em locais visíveis de fotografias das pessoas da família e dos amigos com os respetivos nomes, são muitas as possibilidades.
O objetivo deste tipo de adaptações, e de outras medidas, como a colocação nas várias divisões da casa de objetos ou plantas de que a pessoa goste, “é assegurar que as pessoas com demência possam viver na sua própria casa mais tempo”, sublinhou a especialista.
Outra experiência inovadora, a dos jardins terapêuticos, veio de Madrid, apresentada por Karin Palmof, especialista em engenharia agrícola, que fundou em Espanha, em 2015, o projeto Jardins Terapêuticos Palmof, para doentes com Alzheimer e outras demências.
Estudos sobre este tipo de experiências em países escandinavos mostram que as pessoas com Alzheimer “tendem a ficar menos deprimidas e mais calmas, e a melhorar