SPD condenado a permanecer na sombra de Angela Merkel
Vitória do partido da chanceler é dado adquirido. Sociais-democratas devem continuar no governo, mas em posição secundária
ELEIÇÃO Tudo aponta para uma derrota clara dos sociais-democratas do SPD nas legislativas alemãs do próximo domingo. Com as sondagens mais recentes a darem entre 14 e 17 pontos percentuais de vantagem à CDU, de Angela Merkel, o máximo a que o partido de Martin Schulz pode aspirar é a permanecer como parceiro de coligação na Grande Coligação com os democratas-cristãos que governa o país desde 2013.
Em campanha ontem na região do Ruhr, um bastião tradicional do SPD, Schulz martelou os temas sociais, lembrando que estes foram a principal contribuição do seu partido no governo cessante da chanceler, e que importantes bolsas de pobreza subsistem na Alemanha, apesar da imagem de riqueza generalizada. Mas, como escrevia ontem a Reuters numa reportagem sobre a presença de Schulz no Ruhr, com o desemprego nos valores mais baixos das últimas décadas, a mensagem do candidato social-democrata, que insiste que será Merkel a vice-chanceler e não ele, não está a mobilizar o eleitorado. A expectativa – negativa – é que o SPD fique abaixo do resultado de 2013, quando teve 25,7% dos votos.
A razão do desencanto alemão com o SPD resulta da passagem de uma economia industrial para uma economia de serviços, com a redução paralela do eleitorado do primeiro setor e o crescimento do número de votantes no segundo, dizia ontem à Reuters um professor da Universidade de Dusseldorf, Stefan Marshall. Outro fator muitas vezes enunciado é o da herança da época de Gerhard Schröder à frente do governo de Berlim, que contribuiu para o empobrecimento de algumas camadas da população, e seu posterior envolvimento com grandes empresas russas, como a Gazprom, que continua a refletirse negativamente no partido.
A mensagem de Angela Merkel, de aposta numa Alemanha virada para as tecnologias digitais, os bons resultados da economia e o seu inquestionável prestígio internacional tornam impossível uma qualquer surpresa nas eleições de domingo. A.C.M.