Acusados no Lava-Jato investiram para ter vistos gold
Diz que empresários envolvidos no escândalo de corrupção compraram casas e pediram vistos de permanência no país
PORTUGAL Pelo menos quatro executivos de construtoras brasileiras envolvidas no escândalo da Operação Lava-Jato tentaram obter vistos de residência em Portugal através da aquisição de casas. Segundo o jornal britânico The Guardian, ontem citado por O Globo, tanto Sérgio Andrade, um dos sócios da Andrade Gutierrez, como Otávio de Azevedo, ex-presidente do grupo, Pedro Novis, ex-presidente da Odebrecht, e Carlos Pires Oliveira Dias, vice-presidente administrativo da Camargo Corrêa, compraram casas em território português em 2014, já as investigações do caso Lava-Jato tinham começado.
Segundo o jornal, o objetivo dos empresários era beneficiar da cidadania portuguesa que o programa de vistos permanentes do governo português concede após cinco anos a investidores que adquiram casas no país no valor de, no mínimo, 500 mil euros.
Otávio de Azevedo, condenado a 18 anos de prisão domiciliária por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa na Lava-Jato, comprou uma propriedade avaliada em 1,4 milhões de euros em Lisboa, dois anos antes de ser preso, e solicitou o visto permanente correspondente. Ainda no mesmo ano, Sérgio Andrade comprou um imóvel na capital portuguesa por 665 mil euros, Pedro Novis um apartamento, ainda em Lisboa, por 1,7 milhões, e Carlos Oliveira Dias investira 1,5 milhões no país. Ao The Guardian, os gestores não negaram as aquisições. Contactado, o governo português disse ao jornal britânico que o programa de vistos permanentes segue os procedimentos legais e de segurança.
Entretanto, a Comissão Europeia irá publicar, num relatório que deverá sair no final do ano ou no próximo, uma análise aos regimes de atribuição de nacionalidade através de programas de promoção de investimentos, como os vistos gold em vigor nos Estados membros. A decisão já tinha sido anunciada e foi reforçada numa carta enviada à eurodeputada Ana Gomes a 9 de agosto pela comissária europeia para a Justiça,Vera Jourova, e que ontem o gabinete da eurodeputada relembrou. J.A.M.