Diário de Notícias

Perseguiçã­o aos depositant­es dos últimos dias

- FERREIRA FERNANDES JORNALISTA Tribune de Genève:

ASuíça reinventou um profundo sentimento religioso, o segredo bancário, a ponto de ter convencido os fiéis depositant­es de que era sagrado bancário. É uma crença espalhada por todo o mundo mas nunca catequizou camponeses pobres – embora em certo sentido seja uma religião de massas. Por causa dos tempos materialis­tas que vivemos, esse piedoso costume tem os dias contados, cerca de três meses e meio. A 1 de janeiro de 2018, o segredo bancário suíço acaba. De facto, vai para paraísos fiscais, levando a auréola (as marcas dos bancos suíços) e deixando, como é costume nestas deslocaliz­ações, os trabalhado­res locais. Como não sou um sindicato, não trago para aqui o drama dos bancários suíços, por quem, confesso, não nutro grande compaixão. Os dramas individuai­s, porém, nunca me deixam indiferent­e e quero partilhar a história de duas devotas do sagrado bancário. Conta o jornal há meses, numa sucursal do banco UBS, as sanitas entupiram! Dias depois, entupiram as sanitas de bares vizinhos! E entupiram com notas de 500 euros, o que configura um prodígio porque, naquela zona, a lavagem de dinheiro é comum mas a sua sujidade deliberada é um assombro, um quase milagre. A polícia calcula o valor das notas em várias dezenas de milhares de euros. E suspeita de perseguiçã­o de ímpios que levaram ao desespero duas devotas espanholas que tinham os objetos de culto (as tais notas de 500) em caixas fortes individuai­s do banco. Assim vai o mundo.

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