Diário de Notícias

Um histórico do PCP, uma ex-ministra e um eurodeputa­do são algumas das figuras gradas da política que entram no combate

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Nuno Melo nasceu em Famalicão e reside no Porto. Está há 20 anos ligado ao círculo eleitoral de Braga, mesmo em eleições legislativ­as

FILIPA AMBRÓSIO DE SOUSA Setúbal tem sido um dos distritos mais difíceis para os sociais-democratas no que toca a resultados eleitorais. Nas últimas autárquica­s de 2013, o partido conseguiu eleger apenas um presidente na Junta de Freguesia de Canha, no Montijo, e que, ainda assim, se candidatav­a como independen­te. Por isso, para as eleições autárquica­s de 1 de outubro deste ano, o PSD deixa de “brincar em serviço” e aposta num nome forte. Uma escolha popular? É discutível. Mas, sem sombra de dúvida, uma escolha ousada: Maria Luís Albuquerqu­e, atual deputada e ex-ministra da Finanças de Passos Coelho, natural de Braga, economista, é a cabeça de lista à Assembleia Municipal por Almada.

“Fui convidada pelos militantes de Almada e não podia não aceitar”, diz a ex-ministra das Finanças em declaraçõe­s ao DN. “E penso que só fazia sentido mesmo sendo no distrito de Setúbal, círculo pelo qual já fui eleita para deputada por duas vezes”. A militante social-democrata assume a sua falta de experiênci­a ao nível da disputa autárquica mas que a que ganhou enquanto governante ajudará “num órgão que é no fundo de fiscalizaç­ão dos órgãos municipais e que dá voz aos munícipes”, explica Maria Luís Albuquerqu­e. A candidatur­a de Maria Luís Albuquerqu­e é aliás simbólica, anunciada numa altura em que muitas das principais figuras sociais-democratas fugiram de fazer parte destas listas.

Em todos os partidos, há uma clara preocupaçã­o em pôr pesos-pesados a encabeçar as listas às assembleia­s municipais, que são “os principais instrument­os de transparên­cia e fiscalizaç­ão das autarquias. Mas também órgãos “de

António Filipe é o candidato pela CDU e reside em Massamá discussão dos principais problemas da cidade e de como os resolver”, segundo João Semedo, cabeça-de-lista do Bloco de Esquerda (BE) à Assembleia Municipal do Porto. E depois de ter desistido da candidatur­a à presidênci­a da autarquia por questões de saúde. “Julgo que posso contribuir para que a cidade progrida e os portuenses vivam melhor, para que a economia beneficie todos e não apenas uma Neto Brandão (PS) é deputado

e cabeça-de-lista por Aveiro elite endinheira­da, com mais emprego e menos desigualda­des”, conclui João Semedo.

No CDS a opção é quase histórica. Nuno Melo, eurodeputa­do eleito em 2009, está há 20 anos ligado ao distrito de Braga. Agora, em 2017, é repetente na candidatur­a à presidênci­a da Assembleia Municipal de Vila Nova de Famalicão, terra que o viu nascer há 51 anos. Desde 2001 que o CDS, em coligação com o PSD, “destronou” o PS residente em autárquica­s desde os anos 80. Nas últimas eleições de 2013, essa mesma coligação alcançou 58,6% dos votos e já o PS uns singelos 31,8%.

Ao DN, Nuno Melo garante que “o nascimento para a política foi precisamen­te em contexto autárquico”, há 20 anos, era ainda Manuel Monteiro líder do partido. Para 1 de outubro, o eurodeputa­do quer “reforçar o que já temos”. Acredita que o facto de ser candidato pelo distrito e na terra que tão bem conhece ajuda “porque tenho assim a oportunida­de de fazer política com pessoas que conheço e trato pelo nome e esta é a lógica que me atrai numa assembleia municipal”. Objetivo claro destas eleições autárquica­s? Manutenção de uma maioria absoluta em Vila Nova de Famalicão. O CDS aposta ainda em João Almeida para São João da Madeira, onde o ex-secretário de Estado da Administra­ção Interna do governo de coligação nasceu há 41 anos.

Da parte da coligação CDU, António Filipe é também a escolha mais que óbvia para Sintra. “O nosso objetivo é disputar a presidênci­a da assembleia municipal”, explica ao DN o também deputado comunista, residente em Massamá desde 2003. António Filipe, repetente também nestas lides de disputas autárquica­s, assume que, porém, “a experiênci­a municipal, em assembleia, é muito diferente da experiênci­a no Parlamento. A intensidad­e é muito diferente, não é comparável”.

Por parte do PS, as escolhas recaem sobre Filipe Neto Brandão, deputado na Assembleia da República – por Aveiro – e Sérgio Sousa Pinto por Sintra. Sousa Pinto, que começou na Juventude Socialista, é atualmente membro do grupo socialista no Parlamento Europeu mas em 2015 demitiu-se do secretaria­do nacional do PS por não concordar com a estratégia de António Costa no que respeitava à geringonça.

Filipe Neto Brandão admite ao DN que a mais-valia que Aveiro sempre teve foi o espírito democrátic­o. Mas a autarquia é dominada pela coligação CDS/PP desde 2005. E, nesse contexto, o deputado socialista não deixou de acusar o atual autarca de Aveiro, Ribau Esteves, de minar esse mesmo espírito democrátic­o.

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João Semedo (BE) chegou a ser candidato a presidente da câmara

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