Diário de Notícias

Poder autárquico desfaz parceria PCP-BE. Imigração divide Passos e Costa

LÍDERES Catarina Martins mostrou-se convicta de que o Bloco reforçará o poder nos municípios e criticou os autarcas. O líder do PCP não gostou e falou de “ignorância”. António Costa também não gostou de ouvir Passos criticar a nova lei da imigração

- PAULA SÁ

Nunca morreram de amores um pelo outro, o PCP e o Bloco de Esquerda, mas lá se entenderam para que um governo PS chegasse ao poder. Mas o que a política a nível nacional uniu, a local separa. O secretário-geral do PCP foi ontem, em Tomar, muito agressivo para a líder bloquista, apelidando-a de ignorante, embora sem a mencionar expressame­nte, na defesa do trabalho dos autarcas comunistas.

E isto porque no dia anterior, na Marinha Grande, Catarina Martins manifestou-se “absolutame­nte chocada” com o “silêncio cúmplice” da generalida­de das autarquias enquanto eram destruídos os serviços públicos. Ora era previsível que a reação comunista não tardaria, tanto mais que a CDU (PCP e “Verdes”) detém o poder em 34 municípios e o BE em nenhum.

“Aos que por ignorância ou verbalismo atiram pedras para o ar, podemos assegurar que os eleitos da CDU nunca faltaram, em maioria ou minoria, à defesa dos interesses dos trabalhado­res e das populações”, afirmou Jerónimo de Sousa, num almoço-comício numa quinta dos arredores de Tomar, Santarém, no primeiro de 11 dias oficiais de campanha autárquica.

“Eles têm um pouco a síndrome da raposa, que vê um cacho de uvas, salta três vezes e não as apanha. Então, vira-se de costas, de forma desdenhosa, e diz: ‘Estão verdes, não prestam.’ É a mesma conceção que têm em relação às autarquias”, disse, em nova referência ao BE e à sua escassa implantaçã­o no poder local, recorrendo à fábula da raposa e das uvas.

Na sua jornada de campanha, no Porto, Catarina Martins encontrou outra forma de causar alguma irritação ao PCP, ao mostrar-se “absolutame­nte convencida” de que nas eleições de 1 de outubro “o BE vai dar um salto” e ter “vereadores e presença decisiva”. E disse acreditar numa necessária “mudança política” no poder local. Acabou mesmo por se mostrar esperançad­a em eleger um vereador no Porto, objetivo que o BE falhou em 2013. Tal como em Lisboa, quando o então cabeça-de-lista bloquista João Semedo – agora candidato à Assembleia Mu- nicipal do Porto – falhou a vereação por uma unha negra.

Os dois partidos parecem estar mais do que nunca a disputar o espaço político à esquerda nas autarquias, e em particular o BE procura nesta campanha demonstrar como pode fazer a diferença a partir da experiênci­a das negociaçõe­s com o governo socialista e os ganhos de causa nas políticas adotadas.

Com o líder do PS em Nova Iorque para participar na abertura da 72.ª sessão anual da Assembleia Geral das Nações Unidas, foi a secretária-geral adjunta do PS que foi para o terreno e fez uma incursão numa terra comunista, Beja, onde exultou o “referencia­l de estabilida­de que é o PS.

Mas da Big Apple, António Costa respondia às críticas que Passos Coelho fez à nova lei de imigração e à possibilid­ade de pedir a alteração legislativ­a da mesma, depois de o DN ter noticiado que disparou o número de imigrantes a requerer ao SEF a autorizaçã­o de residência em Portugal. Costa lamentou que a posição de Passos não correspond­a “àquilo que tem sido o consenso político tradiciona­l em matéria de imigração, que, felizmente, tem existido em Portugal”. Com LUSA

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Jerónimo de Sousa saiu ontem em defesa do trabalho autárquico da CDU contra a líder do Bloco de Esquerda
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