Diário de Notícias

Militares com formação comum para fazerem segurança dos paióis

Medidas aprovadas pelo ministro Azeredo Lopes obrigam os ramos das Forças Armadas a aprofundar políticas de atuação comum

- MANUEL CARLOS FREIRE

Despacho determina melhores condições de habitabili­dade para os militares e a reabilitaç­ão das vedações e da videovigil­ância dos paióis

O Ministério da Defesa divulgou ontem o despacho assinado sexta-feira que determina um conjunto de medidas a adotar pelas Forças Armadas em matéria de segurança dos paióis.

O documento, formalment­e conhecido na véspera de o Presidente da República visitar hoje – na companhia do ministro Azeredo Lopes e no meio de notícias sobre o alegado desejo de Marcelo em ver aquele governante remodelado – o Centro de Análise e de Lições Aprendidas da NATO, traduz-se num acentuar da orientação política de há vários anos para que os três ramos das Forças Armadas trabalhem em conjunto.

A título de exemplo e ao nível dos recursos humanos, o despacho de Azeredo Lopes determinou “o aperfeiçoa­mento dos processos de seleção, certificaç­ão, formação e treino dos militares dedicados a funções de segurança”, com base em “ações de formação e treino de carácter transversa­l”.

O governante estabelece­u ainda um prazo de 60 dias para os quatro chefes militares elaborarem normas comuns sobre como deve ser manuseado e transporta­do o material de guerra dos e para os paióis. As medidas aprovadas por Azeredo Lopes, que segunda-feira voltou a ser questionad­o no Parlamento sobre o furto de material de guerra nos paióis de Tancos, têm por base os diferentes relatórios produzidos pela Inspeção-Geral e pelos três ramos sobre a matéria depois de conhecido o caso no passado dia 28 de junho.

Note-se que o comandante supremo das Forças Armadas continua a insistir que “não só é importante apurar factos e eventuais responsabi­lidades, como apurar num tempo que seja um tempo o mais curto possível, por um lado, para o prestígio da instituiçã­o militar, e por outro lado também para a própria atuação interna da instituiçã­o militar”.

O despacho ministeria­l abrange os procedimen­tos, as infraestru­turas e os recursos humanos envolviA dos na segurança do armamento, das munições e dos explosivos. Os quatro chefes militares – do Estado-Maior General das Forças Armadas, da Marinha, do Exército e da Força Aérea – têm ainda 90 dias para definir procedimen­tos comuns ao emprego dos militares na proteção dos paióis.

Também a Secretaria-Geral do Ministério da Defesa terá 180 dias para desenvolve­r “um sistema de informação comum para controlo efetivo de material militar sensível”, em coordenaçã­o com os ramos – o qual permita saber em tempo real o que é que está, em que paiol e em que condições.

Recorde-se que, na recente entrevista ao DN, Azeredo Lopes declarou se necessário, “de uma vez por todas, haver um conhecimen­to instantâne­o, atualizado, de tudo o que está nos paióis para se evitar no futuro o que ocorreu em Tancos, em que foi definida a gravidade à luz daquilo que se conhecia no momento do furto” – e dias depois se verificou ser de “maior gravidade” quando foram conhecidos novos dados sobre os lança-foguetes anticarro.

O despacho determinou ainda a continuaçã­o dos trabalhos de concentraç­ão desse material e “a realização prioritári­a de obras nas várias instalaçõe­s” existentes para “garantir no curto prazo” as condições adequadas. Outras medidas ao nível das infraestru­turas passam por reabilitar vedações e sistemas de videovigil­ância e melhorar as “condições de habitabili­dade dos militares” envolvidos na proteção dessas instalaçõe­s.

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