Juízes reunidos noite dentro para decidir se levantam greve
Depois de terem recebido garantias dos deputados de que as reivindicações serão analisadas, juízes fizeram reunião por Skype
direção da Associação Sindical de Juízes Portugueses (ASJP) estava reunida ontem à noite, por Skype, com os dirigentes dos seus diferentes órgãos regionais, para decidir se levanta a greve que tinha convocado para os dias 3 e 4 de outubro. À hora do fecho desta edição ainda não era conhecida uma posição definitiva, mas, em declarações ao DN antes do encontro, Manuela Paupério, presidente da ASJP, confirmou que dada a “abertura” demonstrada pelos deputados que receberam a associação, as probabilidades de a paralisação ser desconvocada aumentaram significativamente.
A notícia de que a ASJP poderia decidir cancelar a polémica paralisação – agendada para logo a seguir às eleições autárquicas – começou a surgir ao final da tarde de ontem, depois de a associação ter-se reunido com o grupo parlamentar do PS e Manuela Paupério ter admitido à saída que estavam um pouco “mais longe” da greve.
Mas ao DN, a representante dos juízes frisou que não podia comprometer-se com qualquer posição antes de esta ser validada pelos órgãos regionais da associação, esclarecendo também que a abertura para “reavaliar” o protesto resultara não especificamente do encontro com deputados socialistas, mas antes “na sequência da abertura que todos os grupos parlamentares manifestaram para discutir o tema e da sensibilidade que manifestaram” relativamente às reivindicações que tinham sido colocadas à ministra da Justiça.
“Houve dos deputados essa abertura. Disseram-nos que, quando a proposta vier para o Parlamento, será discutida em todos os seus pontos”, contou. “E essa abertura por parte dos deputados, que são em última análise quem tem a competência para legislar nesta matéria, é que nos levou a dizer que estávamos mais longe da greve.”
O protesto dos juízes – suscitando questões salariais e de estatuto profissional – gerou alguma polémica, mesmo entre magistrados – mas Manuela Paupério explicou que a preocupação não foi a direção da ASJP “ficar bem ou malvista”, mas, sim, responder à “intransigência da ministra Francisca van Dunem”.