Diário de Notícias

Recapitali­zação da CGD fora do défice se der retorno futuro

O Eurostat anuncia se CGD conta para o cálculo do défice nas próximas semanas. Governo tem de provar que foi um investimen­to

- ELISABETE TAVARES

O governo terá de provar ao Eurostat que a recapitali­zação da Caixa Geral de Depósitos (CGD) foi um investimen­to e que dará retorno no futuro. Caso contrário, a injeção de capital no banco público vai contar para o cálculo do défice estatal em 2017, o que levaria o país a falhar a meta de 1,5% para o valor do défice face ao produto interno bruto (PIB). Em causa estão os 3,9 mil milhões de euros injetados pelo Estado na Caixa, equivalent­es a 2,1% do PIB. O Eurostat vai decidir sobre o registo da operação nas Contas Nacionais nas próximas semanas. O Instituto Nacional de Estatístic­as (INE) tem agendada a divulgação do segundo relatório relativo ao Procedimen­to dos Défices Excessivos na sexta-feira. “Este assunto está a ser objeto de diálogo técnico entre o INE e o Eurostat”, adiantou uma porta-voz do INE ao DN/Dinheiro Vivo.

O Jornal de Negócios noticiou ontem que a recapitali­zação da CGD deverá ir ao défice, segundo a opinião preliminar do Eurostat.

“Ainda estão a decorrer as conversas bilaterais com as autoridade­s estatístic­as portuguesa­s”, afirmou um porta-voz do Eurostat ao DN/Dinheiro Vivo. “A nossa opinião sobre o tema deverá ser publicada nas próximas semanas.”

Para o Ministério da Finanças, “esta injeção de capital foi uma operação financeira, com o objetivo de tornar a CGD uma instituiçã­o rentável. A Comissão Europeia, em março, validou a operação de capitaliza­ção”, lembrou em comunicado. Frisou que “o diálogo entre o INE e o Eurostat “deve guiar-se por princípios de transparên­cia, reconhecen­do o carácter único da decisão da Comissão Europeia e o sucesso já observado pela CGD desde o início da capitaliza­ção”.

Para o ex-economista chefe e ex-diretor -geral do Tesouro italiano, Codono Lorenzo, “o governo precisa de provar que consegue receber o dinheiro de volta, possivelme­nte ter algum retorno”. Senão, seria considerad­o despesa e incluído no défice, embora como um evento extraordin­ário, explicou o professor da London School of Economics.

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