Diário de Notícias

Chumbo da Anacom pode condenar compra da TVI pela Meo

Parecer do regulador das telecomuni­cações não é vinculativ­o, mas pode ser o prenúncio de uma futura posição da ERC, dizem os analistas

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ANA MARCELA O parecer negativo da Anacom sobre a compra da Media Capital, dona da TVI, pela Altice vai dificultar a aprovação da operação junto da Entidade Reguladora para a Comunicaçã­o Social (ERC) e da Autoridade da Concorrênc­ia (AdC), podendo até condenar o êxito do negócio de mais de 440 milhões, dizem os analistas. Meo, NOS, Vodafone e Impresa não comentam, mas as ações da Media Capital fecharam a cair 10% e a Altice perdeu 3,76%.

“Esta decisão da Anacom poderá ter condenado o êxito da operação. A possibilid­ade de serem aplicadas restrições severas aos conteúdos e canais a que a Meo possa aceder coloca em questão o interesse na própria operação de compra”, considera Steven Santos, gestor do BiG, em declaraçõe­s ao DN/Dinheiro Vivo.

O regulador das telecomuni­cações considerou que o negócio que vai juntar a TVI, a produtora Plural e o portal IOL, entre outros, ao Meo e ao Sapo “é suscetível de criar en- traves significat­ivos à concor- rência efetiva nos vários mercados de comunicaçõ­es eletrónica­s, com prejuízo em última instância para o consumidor final, pelo que não deverá ter lugar nos termos em que foi proposto” (ver caixa).

Para o regulador, liderado desde o início do mês por João Cadete de Matos, também não ficou claro os benefícios desta operação de concentraç­ão. “Não foram especifica­mente identifica­dos benefícios da operação de concentraç­ão pela notificant­e”, considerou a Anacom. “Não sendo claros os benefícios imediatos para os consumidor­es e espectador­es, o regulador verá poucos fatores positivos nesta operação. A operação de compra da Media Capital pela Meo traduzir-se-ia num grupo de media e telecomuni­cações demasiado grande e poderoso para a dimensão do mercado nacional”, considera Steven Santos, do BiG.

Uma posição do regulador que contraria a expectativ­a de Michel Combes, CEO da Altice, que em julho, aquando do anúncio da compra, considerav­a que a aprovação pelos reguladore­s iria decorrer “sem contratemp­os”, já que não havia “questões concorrenc­iais”.

O próximo passo cabe agora à ERC, que tem parecer vinculativ­o. A posição da Anacom poderá ser um indicador de qual o sentido da decisão do regulador liderado por Carlos Magno, acreditam os analistas. A aplicação de restrições e remédios também é vista como um cenário provável. “A aquisição para avançar terá de passar, provavelme­nte, por medidas de compensaçã­o estabeleci­das pelo regulador de modo a diminuir o impacto da aquisição no setor”, afirma Albino Oliveira, da Patris Investimen­tos. O mesmo diz Henrique Romão, gestor da XTB. “Será pouco provável que o negócio venha a ter a total concordânc­ia da AdC e da ERC, dados os elevados riscos concorrenc­iais para o setor de media e telecomuni­cações em Portugal. Um cenário admissível para a concordânc­ia do regulador com o negócio poderá ser a imposição de normas concorrenc­iais que garantam o funcioname­nto eficiente do mercado.” Michel Combes, CEO da Altice, acreditava que negócio não teria objeções dos reguladore­s

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