Segundas linhas do leão revelaram vontade, mas muito poucas ideias
Jorge Jesus fez nove mexidas face ao último onze e a equipa ressentiu-se, sobretudo no ataque, incapaz de chegar ao golo
O Sporting não foi além de um nulo caseiro no arranque da Taça da Liga. Jorge Jesus apostou numa segunda linha que revelou muita vontade, mas pouca eficácia face a um Marítimo muito equilibrado e com a lição bem estudada.
Ambas as equipas fizeram várias alterações aos onzes habituais e isso refletiu-se em campo. Dos 22 escalados por Jorge Jesus e Daniel Ramos, eram mais os jogadores que têm treinado do que jogado, neste início de temporada, e o futebol foi tudo menos emotivo.
Ainda assim, foi sempre o Sporting que mais perigo criou durante os 90 minutos. Os tais que têm treinado mais do que jogado queriam mostrar-se a Jorge Jesus, mas na maioria das vezes faziam-no sem cabeça. Petrovic e Doumbia até tiveram duas boas ocasiões no primeiro tempo para marcar, mas foram as únicas que os leões criaram nos primeiros 45 minutos. Faltava ritmo de jogo, entrosamento e até criatividade para os verde e brancos furarem uma defesa insular que parecia de betão.
Mesmo com várias alterações no onze, o Marítimo mostrou-se sempre muito seguro. É verdade que abdicou muito do ataque, até em demasia, com apenas Piquetti na frente, mas o empate fora nesta fase de grupos seria sempre um bom resultado, pelo que a estratégia insular não surpreendeu. Sempre com muita gente atrás da linha da bola, a equipa de Daniel Ramos mostrava-se muito equilibrada no seu meio-campo, travando quase sempre o ritmo do adversário, mesmo que tivesse de recorrer à falta. E o Sporting ressentiu-se da falta de espaços e de alguém que pensasse o jogo com mais calma e clareza para encontrar ideias para furar a tal muralha.
No reatamento da partida, e após algumas mudanças táticas em ambos os lados, passou-se para uma partida mais viva, bem mais animada. Sporting e Marítimo entraram com uma maior dinâmica para a etapa complementar, especialmente com os insulares a aproximarem-se mais da baliza de Salin do que aquilo que fizeram no primeiro tempo. Ainda assim, foram sempre os donos da casa os mais perigosos.
Doumbia teve mesmo a melhor ocasião do jogo para marcar, logo no início da segunda parte, quando, aos 48’, se deparou com a baliza aberta, mas acabou por acertar num defesa do Marítimo. Começava bem o Sporting e melhor ficou quando, aos 55’, Jorge Jesus colocou em campo os alas Acuña e Podence. Os leões procuravam o golo, pressionavam e as alas funcionavam, ao contrário do que acontecera com Iuri Medeiros e Mattheus. O Sporting chegava mais facilmente à área, mas faltava o instinto matador a Doumbia e companhia para traduzirem em golo as escassas oportunidades que criavam. Não foram muitas, mas quiçá suficientes para que, por exemplo, Bas Dost ou Bruno Fernandes, os matadores leoninos deste início de época, pudessem ter decidido a partida se o treinador não tivesse optado por os deixar na bancada.
Havia muita vontade desta segunda linha leonina, mas ontem foi insuficiente para traduzir em golos o maior domínio, até porque do outro lado o guardião Amir também revelou sempre muita concentração. Essa vontade também fez que, ao mesmo tempo, os leões abrissem mais espaço atrás, o que o Marítimo, desta feita, aproveitou melhor do que no primeiro tempo. Salin poucas vezes teve de atuar, mas já não foi um mero espectador. O nulo, no entanto, resistiria até final.