Diário de Notícias

AUTÁRQUICA­S MOREIRA MOSTRA O QUE FEZ PARA “SER JULGADO NAS URNAS”

Reportagem em Barrancos “Quando os toiros de morte se tornaram legais, as pessoas deixaram de vir.”

- SUSETE FRANCISCO

No mercado da Picheleira há uma banca de peixe e duas de legumes – todas as outras estão vazias. “Já viu esta tristeza?”, diz João Ferreira a uma das poucas pessoas que andam nos corredores – “a ver se fazemos alguma coisa disto”. A dona Aurora também acha que é preciso fazer alguma coisa, mas tem outros planos: “O Costa tirou-nos do lixo com vocês e a Catarina [Martins, líder do BE]. Tem de fazer um acordo com eles.” Resposta pronta do candidato da CDU: “Comigo não.” A interlocut­ora não desarma: “Você e a Catarina têm de fazer uma união. A união faz a força.” João Ferreira já não estava lá para ouvir.

Foi o momento gerigonça da manhã de ontem de campanha, com a comitiva da CDU a percorrer as ruas da Picheleira, na freguesia do Beato. Num bairro com muitos edifícios municipais – onde foram realojados, nos anos 90, os moradores do bairro da Curraleira –, o candidato comunista ouviu queixas de comerciant­es e moradores. “Pago 300 e tal euros de renda. Há uns seis ou sete meses pedi para reverem a renda, mas nada. Há 17 anos vim para aqui pagar 25 contos. Se soubesse o que sei hoje não tinha vindo”, diz Justina, sentado à soleira de um prédio. João Ferreira dá eco às críticas. “Ao contrário do que diz Fernando Medina, o problema da habitação social não está resolvido. O PS inscreveu como despesas de investimen­to [na habitação municipal] 27 milhões de euros. É menos de dois anos da taxa turística [que rende, anualmente, 15 milhões]. É preciso canalizar uma fatia maior para os bairros municipais”, defende o atual vereador e candidato comunista, lembrando que um quinto da população de Lisboa vive nos 68 bairros municipais da cidade.

Se a CDU passou a manhã a ouvir as queixas dos moradores, o Bloco passou a tarde a ouvir exigências de melhorias numa escola do 2.º e 3.º ciclos – a Luís António Verney – do bairro Madre de Deus, na mesma freguesia. O estabeleci­mento esteve na lista da Parque Escolar, mas as obras de requalific­ação nunca avançaram. As instalaçõe­s fazem prova disso – tetos, paredes e chão manchados pelas infiltraçõ­es, janelas sem vidros. Ao lado do ginásio onde o chão de madeira levanta lascas, um bocadinho da escola que a Luís António Verney quer ser: uma sala de dança, totalmente equipada. Com 400 alunos, a escola ministra ensino artístico especializ­ado de música e dança a cerca de 170 alunos, explica o diretor do agrupament­o, José Eduardo Rosinha. E não são mais porque as instalaçõe­s, como existem hoje, não o permitem. “Estes miúdos precisam de palco”, diz o responsáve­l escolar, que espera que nos próximos anos cheguem as tão esperadas obras. Ricardo Robles ficou com um caderno de encargos se for eleito vereador, e um grupo de miúdos que encontrou depois na rua ainda vincou o pedido. “Queremos fazer uma petição para ter obras na escola”, disse um dos miúdos ao candidato bloquista, que haveria de perguntar “vocês gostam de dança?”. Resposta pronta: “Não, nós somos craques da bola. Precisamos de um piso sintético no campo.” “Lisboa será Assunção” “Lisboa será Assunção, não votes no Medina, não.” Palavras de ordem, bandeiras, um tambor – a comitiva do CDS fazia-se ouvir, ontem, na Avenida da Igreja (freguesia de Alvalade), onde a líder do partido e candidata a Lisboa distribuiu beijinhos e folhetos. Em passo estugado, Assunção Cristas distribuiu, mais do que o resto, sorrisos, mesmo quando do lado de lá vinha uma nega – como “eu sou laranjinha”. E, se a sondagem divulgada nesta semana pelo Jornal de Notícias até conclui que a líder centrista ameaça passar o PSD nas eleições autárquica­s de 1 de outubro, Assunção Cristas driblou a pergunta sobre se sonha ficar à frente dos sociais-democratas. “Eu sonho ser presidente da Câmara de Lisboa”, foi a resposta da líder centrista, que também foi dizendo que “o centro-direita em Portugal ganha com um CDS forte”. Na câmara da capital e no país: “Queremos ser uma alternativ­a ao governo das esquerdas unidas.” Para isso, “todos os apoios são bem-vindos” e, para a próxima semana, ficou prometido um apoio particular­mente sonante – o do ex-líder do partido, Paulo Portas.

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Rui Moreira visitou ontem o Centro de Convívio dos Reformados do Porto e, mais tarde, apresentou o programa com que se recandidat­a como independen­te à Câmara do Porto
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