CONTAS DO BENFICA
SAD REGISTA MAIOR LUCRO DA HISTÓRIA: 44,5 MILHÕES DE EUROS
CARLOS NOGUEIRA A SAD do Benfica anunciou ontem o maior lucro da sua história, 44,5 milhões de euros, relativo à época 2016-17, o que representa um aumento de mais de 118,4% em relação ao exercício anterior, sendo este o quarto ano consecutivo que são apresentados resultados positivos. Os encarnados superam o resultado do Sporting, de 30,5 milhões de euros, faltando ainda conhecer as contas do FC Porto.
Este lucro é explicado por Domingos Soares Oliveira, administrador da SAD benfiquista, como sendo consequência do “crescimento significativo das receitas, que bateram um novo recorde”, chegando aos 251,2 milhões de euros, o que representa um aumento de 20,8% em relação ao ano anterior. Já os gastos operacionais foram de 124,2 milhões de euros (mais 5,2%), dos quais 74,7 milhões foram em custos com o pessoal (que aumentaram 13%). Além disso, o responsável pelas finanças destacou ainda que “pela primeira vez a SAD tem o ativo acima dos 500 milhões de euros”, num crescimento de 6,2%. Este item contrasta com a redução do passivo em 3,8%, sendo agora de 438,3 milhões de euros.
A redução da dívida tem sido uma das principais bandeiras do presidente Luís Filipe Vieira, sobretudo no que diz respeito à que está afeta aos bancos. Soares Oliveira destacou que essa dívida “diminuiu em 88,9 milhões de euros”, sendo agora de 125,5 milhões. O objetivo é que esse montante “esteja saldado até final de 2024, conforme o plano que existe com os bancos”. Há contudo uma outra situação, que diz ser distinta e que tem que ver com os empréstimos obrigacionistas, que são de 151,5 milhões de euros (aumentou 59,3 milhões), pois “não está sujeito a um reembolso de pressões externas”.
Pelo terceiro exercício consecutivo, a SAD do Benfica apresenta capitais próprios positivos, no valor de 67,7 milhões de euros, o que representa um aumento de 224% em relação à época transata. Este facto foi enaltecido por Domingos Soares Oliveira porque “permite resolver a situação do artigo 35 do Código das Sociedades Comerciais”, que constava dos relatórios do Benfica desde 2000-01. Ou seja, pela primeira vez desde há 16 anos, os capitais da SAD superam a metade do capital social (115 milhões de euros), resolvendo assim a ameaça que pairava sobre a sociedade de ter de reduzir o seu capital ou até de ser dissolvida. Investimentos mais controlados Outra questão abordada pelo administrador da SAD na apresentação das contas teve que ver com as vendas de alguns jogadores. Para já, são apenas contabilizadas as transferências de Gonçalo Guedes, Hélder Costa, Ederson Moraes e Lindelöf, que renderam 123 milhões de euros. Os valores encaixados com Nélson Semedo e Mitroglou só se vão repercutir nas contas do próximo exercício.
“As receitas que geramos do ponto de vista operacional não são suficientes para cobrir as ambições que temos. O que queremos é reduzir o peso da dívida e com ela a redução dos encargos financeiros para depois termos a capacidade de pagar bons salários aos melhores jogadores”, explicou Soares Oliveira, garantindo que o Benfica “vai continuar a ser vendedor, independentemente do sucesso desportivo”, deixando a garantia de que a necessidade de êxitos “não porá em causa as ambições do ponto de vista da sustentabilidade”.
E é nesse contexto que reforçou a ideia de que o investimento no centro de estágio vai levar a que “à medida que o tempo for avançando os investimentos serão cada vez mais controlados, tentando aproveitar a matéria-prima do Seixal”. Contudo, assume que “isso não quer dizer que não se façam investimentos” na equipa. Por outro lado, defendeu “a criação de condições para reter o mais tempo possível os melhores jogadores no clube”, mas lembrou que “é impossível retê-los quando eles têm propostas de salário de quatro, cinco ou seis milhões de euros limpos”.
Os maus resultados da equipa não fazem Soares Oliveira deitar a toalha ao chão, pois assume que “vão ser criadas condições para que o Benfica volte a ser campeão”, mas lembrou que “no campeonato português e nas competições europeias não ganha sempre o mesmo”. “Temos de estar preparados para enfrentar os momentos da vitória com serenidade e, se a vitória não surgir, construir o futuro também com serenidade”, sublinhou.