Eletricidade de Cervi conseguiu dar nova luz à águia
O Benfica venceu o Paços por 2-0, num jogo bem conseguido que permitiu pôr ponto final a uma série de três jogos sem vencer
Um Benfica de cara lavada venceu ontem o Paços de Ferreira, no Estádio da Luz, por 2-0, pondo ponto final a uma série de três jogos sem ganhar – duas derrotas e um empate – com uma exibição muito boa nos primeiros 30 minutos, a que faltaram mais golos. Foi um safanão na penumbra que os tetracampeões atravessavam e que permitiu aproveitar a escorregadela do Sporting, que ficou agora a três pontos de distância.
A equipa de Rui Vitória, protegida pelo guarda-costas Fejsa, foi impulsionada por um elétrico Franco Cervi, que abriu o caminho à vitória com um golo espetacular, mas também pelo explosivo Zivkovic. Os pacenses fizeram o que puderam e tiveram em Mário Felgueiras um gigante.
O peso dos últimos três resultados negativos não se fez sentir no arranque de jogo do Benfica, que mostrou uma das melhores faces desta temporada, com um futebol apoiado, rápido e sempre à procura de desorganizar o sistema defensivo do Paços. A entrada de Fejsa no onze – fez o 100.º jogo de águia ao peito – após mais de um mês de ausência libertou Pizzi para vestir o fato de maestro da equipa. Foram 30 minutos de domínio avassalador dos encarnados, com oportunidades sucessivas perante um adversário que raramente conseguia fazer mais de três passes seguidos, pois a pressão que a equipa de Rui Vitória fazia sobre o portador da bola era sufocante.
Os primeiros avisos aos pacenses chegaram através de Grimaldo e Jonas, que acertaram nos postes da baliza de Mário Felgueiras. O golo adivinhava-se e apareceu depois de Mário Felgueiras ter salvo um autogolo de Rui Correia. Foi na sequência de um cruzamento de Zivkovic, que permitiu a Cervi rematar de primeira à entrada da área. Um grande golo que soou a alívio na Luz mas que era amplamente merecido. O Paços de Ferreira raramente se aproximava da baliza de Júlio César, que apenas teve uma bola para defender no primeiro tempo quando António Xavier rematou de muito longe, sem perigo. Foi já depois de um cruzamento-remate de Seferovic à barra que o Benfica acalmou a vertigem com que entrou em campo, mas ainda assim sem correr qualquer risco.
O intervalo chegou com 71% de posse de bola para os encarnados, 12 remates contra um e nove cantos contra nenhum dos pacenses. A dúvida que se levantava era que Benfica iria surgir na segunda parte. Haveria novo apagão como nos três jogos anteriores?
O fantasma fez a sua aparição logo no primeiro minuto, com o Paços a ganhar o canto do jogo e na sequência Rui Correia cabecear à barra. Só que os encarnados não abanaram... já não jogavam com a intensidade da primeira parte, mas continuavam a dominar e voltaram a criar oportunidades. Mário Felgueiras começou por negar o golo a Jonas, mas depois nada pôde fazer quando o número 10 marcou o seu oitavo golo na Liga após um canto.
A partir desse momento, os jogadores do Benfica descomprimiram, parecia que tinham acabado de sair de um colete de forças. O Paços pôde então ter mais a bola, procurando diminuir a vantagem, mas só quando entrou o veloz australiano Mabil é que incomodou verdadeiramente a defesa dos tetracampeões, mas sem conseguirem deixar Júlio César em apuros. Foi na realidade Mário Felgueiras a evitar que Pizzi e Raúl Jiménez marcassem. Na sequência do lance do mexicano, o jovem Diogo Gonçalves esteve perto do golo, mas Miguel Vieira evitou em cima da linha. Foi o ponto final de um jogo em que os encarnados deram sinais de retoma... o Paços lutou, mas pagou a fatura da crise encarnada.