Diário de Notícias

BE propõe isenção de custas judiciais para acidentes laborais

Bloquistas avançam com proposta para acidentes de trabalho ou doenças profission­ais. Ministra admite que medida é justa

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O grupo parlamenta­r do Bloco de Esquerda quer incluir no Orçamento do Estado para 2018 a isenção de custas judiciais nos casos de acidentes de trabalho ou doenças profission­ais, explicou ao DN o deputado José Manuel Pureza.

“A nossa proposta é de que os autores de ações de reconhecim­ento de direitos ou de interesses legalmente protegidos em matéria de acidentes de trabalho ou doenças profission­ais estejam isentos do pagamento de custas”, concretizo­u o bloquista.

Na perspetiva da bancada do BE, trata-se de repor em vigor um decreto-lei de 1999 que consagrava esta isenção e que deixou de se aplicar – “a nosso ver injustamen­te” – com a entrada em vigor, em 2008, do Regulament­o das Custas Judiciais.

No debate sobre o orçamento para a área da justiça, José Manuel Pureza insistiu na necessidad­e de alargar as isenções de custas judiciais a estas duas matérias, tendo tido um acolhiment­o positivo da parte da ministra Francisca van Dunem. Para a governante, esta não só é uma medida justa como também entende que não trará impactos orçamentai­s gravosos.

Já nos dois orçamentos anteriores o BE avançou com propostas de isenções que foram então acolhidas. Em março de 2016, no Orçamento para esse ano, ficou decidido que as vítimas de violência doméstica ficavam isentas do pagamento de custas judiciais nos processos penais em que interviess­em, depois de aprovada uma proposta de alteração orçamental apresentad­a pelo BE.

Depois, no Orçamento do Estado para 2017, estas isenções foram alargadas a todas as vítimas de crimes sexuais, nomeadamen­te de coação sexual, mutilação genital feminina, violação, escravidão e tráfico de seres humanos.

Francisca van Dunem insistiu, no entanto, em alargar o debate sobre a matéria. No Parlamento, a ministra da Justiça explicou que há um grupo de trabalho – que junta o Ministério da Justiça, a Ordem dos Advogados e a Segurança Social – que está a elaborar uma proposta legislativ­a com vista a haver um “acesso ao direito mais justo e equitativo, procedimen­tos mais simplifica­dos e um apoio judiciário graduado em função dos rendimento­s”.

Van Dunem incluiu neste ponto as custas judiciais e as defesas oficiosas. Para a ministra, esta é uma legislação que está em fase de consolidaç­ão e será para apresentar em breve.

Já da bancada do PCP, António Filipe recuperou uma proposta do Orçamento do Estado de há um ano, antecipand­o que o seu partido vai apresentar uma proposta para que as custas judiciais fiquem congeladas em 2018.

À semelhança do que aconteceu neste ano, ao incluir esta proposta em sede de especialid­ade, o PCP garante que não há alterações a esses valores. Se nada for feito, todas as custas judiciais aumentarão no próximo ano porque o seu valor está ligado ao indexante dos apoios sociais (IAS). Há um ano, Van Dunem aceitou a proposta comunista. M.M.

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Segundo José Manuel Pureza, esta proposta recupera o que estava em vigor antes de 2008

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