Do inferno
milhões e milhões. Roubar? Não, roubar não é o termo. O que estes senhores e senhoras fazem não é roubar. O que fazem é legal, pelo menos não é ilegal. E esse é, talvez, o maior problema, como também bem nota o referido autor.
De facto, o que estas gigantescas corporações, multimilionários, artistas, desportistas fazem não é, na maioria das situações, contra nenhuma lei. As engenharias fiscais, as sociedades em cascata, os milhares de artifícios legais só disponíveis para os muito ricos. O que os Panama, Paradise e outros papers nos dizem é que há uma casta acima da lei. Um grupo de gente para quem andamos todos a trabalhar e quase nada devolvem às sociedades que lhes permitem ter aquilo que têm.
Quando googlar, mandar um e-mail, escrever numa folha de cálculo, comprar uma coisa qualquer através da internet, lembre-se de que essas magníficas corporações pagam percentualmente muito menos impostos do que um qualquer cidadão, daqueles privilegiadíssimos, que ganhe 2000 ou 2500 euros por mês. Que essas empresas e muitas outras basearam-se, claro está, na enorme criatividade e capacidade de trabalho dos seus fundadores e dos seus trabalhadores, mas aproveitaram todas as infraestruturas que os Estados, pagos por si e por milhões como você, construíram – vias de comunicação, a própria internet e tudo o resto.
Quem fala dessas empresas pode também falar dos muito ricos. E não devem ser esquecidos os artistas e desportistas que tanto aplaudimos e que tantas vezes nos fazem gastar o pouco que nos resta, que seguimos para todo o lado, que defendemos com unhas e dentes. São os mesmos que dependem de nós e que não hesitam em esquecer-se de tudo o