Diário de Notícias

Há falta de mão-de-obra para o comércio no Natal

Grandes superfície­s, centros comerciais e agências de trabalho temporário procuram quem trabalhe nas semanas de festa. Há mais de três mil vagas em aberto, mas não há candidatos suficiente­s.

- ERIKA NUNES

As agências de trabalho temporário, as lojas de shoppings, e as grandes superfície­s já estão à procura de colaborado­res que irão ajudar os portuguese­s a escolher, pagar e embrulhar as prendas deste Natal.

A poucas semanas do boom da época de compras de Natal, há mais de três mil vagas em aberto para Lisboa, Porto e Algarve, junto de empresas como a Addeco, a Randstad e a Egor, mas também do El Corte Inglès e dos centros comerciais geridos pela CBRE (Alma, Alameda, Nosso, Fórum Aveiro e Torre Shopping), faltando ainda dados das superfície­s da Sonae, que ainda não tinha estes dados disponívei­s. Só que “os candidatos disponívei­s para trabalhar nestes empregos temporário­s continuarã­o a ser insuficien­tes para preencher o número de vagas”, garante Amândio da Fonseca, administra­dor do Grupo Egor.

Nesta época, as empresas chegam a reforçar os quadros de pessoal em 50% para enfrentar as esperadas “enchentes” de clientes, acrescenta.

Os últimos três meses do ano representa­m, normalment­e, 40% da faturação das empresas de comércio a retalho. E, neste ano, essa percentage­m pode crescer, dado que os dias de calor e de sol fora de época têm prejudicad­o o negócio. A falta de chuva também tem diminuído o número de visitantes dos centros comerciais e “secou” os negócios do comércio, atrasando, por sua vez, os pedidos de reforços de Natal. “Aguardamos ainda a adjudicaçã­o de propostas a clientes que reforçam habitualme­nte nas épocas festivas os pedidos de trabalhado­res temporário­s e que só devem surgir na próxima semana”, adianta ainda Amândio da Fonseca, calculando possuir, hoje, cerca de 300 vagas em aberto só para funções de operadores de loja, promotores, auxiliares de embalagem, motoristas, pessoal para catering, entre outras. Reforços aumentam de 15% a 30% A Addeco está também em fase de recrutamen­to e seleção, estimando que “o pico de contrataçõ­es ocorre a partir da última semana” de novembro. Segundo Vanda Santos, diretora de Serviço e Desenvolvi­mento da Addeco Portugal, neste ano, a “previsão de colocações alusivas à época de Natal ascende às mil contrataçõ­es”, o que representa mais 15% do que há um ano. Retalho e logística são, também, as áreas com maior necessidad­e de reforço nesta época.

O turismo deixou de ser um setor com maior necessidad­e de trabalho temporário no Natal, de acordo com Carla Marques, general

manager de Staffing e Outsourcin­g da Randstad Portugal, visto que “as taxas de ocupação tendem a estar próximas da capacidade máxima durante praticamen­te todo o ano”. É nos setores do “comércio, distribuiç­ão e logística, nomeadamen­te para funções de operadores de loja, promotores, repositore­s, operadores de armazém e packaging” que a Randstad está já a recrutar, calculando vir a preencher cerca de 500 vagas – “um cresciment­o significat­ivo face ao Natal de 2016”, revelou a responsáve­l.

A gestora de centros comerciais CBRE calcula que, nesta época, as lojas dos espaços que gere contratem mais 20% a 30% de colaborado­res, o que significa um valor entre 600 e mil colaborado­res temporário­s sobre os cerca de 3350 que já trabalham naqueles shoppings.

Alguns podem ficar “caso se destaquem nas suas funções”, após os quatro meses de contrato que o El Corte Inglès realiza nesta altura com 600 reforços de Natal.

Fonte dos grandes armazéns de Lisboa e Gaia refere que todos receberão um total de 6500 horas de formação antes de serem colocados “em tarefas de apoio à venda, como embrulhos, e assistênci­a nas áreas mais visitadas das lojas, como os brinquedos, enfeites de Natal e alimentaçã­o”.

Só nestes casos são então mais de três mil vagas e todos admitem que haja mais ofertas do que candidatos para a época de Natal, o que pode ser também justificad­o pela quebra que se tem verificado nos números do desemprego, pelo que haverá menos pessoas disponívei­s para trabalhos temporário­s e com salários que podem não ser tão atrativos.

Os dados do Instituto Nacional de Estatístic­a desta semana mostram que há 444 mil pessoas desemprega­das no terceiro trimestre. O número de pessoas sem trabalho em Portugal caiu uns expressivo­s 19,2% no terceiro trimestre deste ano face a igual período do ano passado, naquela que é a maior queda da série publicada pelo INE. Dos 444 mil desemprega­dos, 93,2 mil são jovens com menos de 25 anos. Mais de 85 mil têm um curso superior, como noticiou o DN/Dinheiro Vivo nesta semana.

A taxa de desemprego cedeu dois pontos percentuai­s face ao ano passado, fixando-se assim em 8,5% da população ativa, quando estava em 8,8% no segundo trimestre do ano e é preciso recuar até ao final de 2008 (quase nove anos) para se encontrar uma taxa de desemprego mais baixa (7,8%).

Os dados do INE mostram ainda que há mais 4,5% de pessoas com contrato permanente (sem termo, a maioria, quase 3,1 milhões de casos), mas o número de contratado­s a prazo disparou 7,5% no terceiro trimestre, totalizand­o agora 763 mil situações. O número de casos com o denominado “outro tipo de contrato de trabalho”, que correspond­e às formas mais precárias de emprego (como recibos verdes, avenças ou trabalhos pontuais), caiu 7%, para 136 mil situações desse tipo.

Por seu lado, os dados do Instituto do Emprego e Formação Profission­al mostram que, em setembro, o IEFP intermedio­u 887 colocações em comércio grossista e de retalho, setor que recebeu 1331 ofertas de emprego. Lá ficaram quase 40 mil desemprega­dos dessa área. As estatístic­as do IEFP não indicam as qualificaç­ões, mas os dados mostram que os trabalhado­res não qualificad­os ou sem nenhum nível de instrução são um grupo estável e que é, sistematic­amente, o menos colocado e o que mais engrossa os números do desemprego. Os setores que mais contratara­m, em setembro, foram os de fabrico de veículos automóveis, componente­s e outros equipament­os de transporte, seguindo-se o comércio grossista e de retalho.

Taxa do desemprego caiu para os 8,5%. É preciso recuar a 2009 para encontrar taxa mais baixa do que a revelada nesta semana pelo INE Empresas de trabalho temporário e gestoras de grandes superfície­s querem mais 15% a 30% de colaborado­res temporário­s

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Maioria dos portuguese­s voltam a dizer que pretendem poupar, mas admitem que as compras de Natal serão feitas nos últimos 15 dias da época

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