Diário de Notícias

“NAS POUPANÇAS OU NAS CATIVAÇÕES, É MERITÓRIO O TRABALHO DE MÁRIO CENTENO”

PEDRO SANTANA LOPES ENTREVISTA­S ANTÓNIO LOBO ANTUNES

- PAULO BALDAIA (DN) ARSÉNIO REIS (TSF)

Depois do anúncio que fez de que vai reunir-se com os parceiros sociais, o seu adversário lembrou que é preciso ter a noção clara de que estamos numa eleição interna, acrescenta­ndo que essa ligação para fora do partido deve ocorrer depois. Esta necessidad­e que Rui Rio teve de responder a esta sua iniciativa quer dizer que ele percebeu que Santana Lopes quer contrariar a ideia de que Rui Rio pode ser perceciona­do como melhor candidato a primeiro-ministro? Há aí várias contradiçõ­es – não suas – nessa pergunta, mas já as referiu expressame­nte. Com certeza que esta é uma eleição no interior do partido, mas tem forçosamen­te uma ligação com o país. Uma coisa é confundir quem elege, quem elege agora são os militantes do PPD/PSD e, portanto, não são nem os independen­tes nem os eleitores do PS, do PC ou do CDS. Esse estratagem­a vai continuar a ser usado por ser a única arma que resta: perguntar aos eleitores dos outros partidos quem preferem para presidente do PPD/PSD – estive a ver anos anteriores e bateu sempre ao lado, lembro que davam 3% ao Dr. Pedro Passos Coelho em 2008, só para dar um exemplo e para não falar de mim próprio –, acho que esse argumento não faz sentido. Digo que são os eleitores do PPD/PSD que escolhem, mas o que estou a fazer é aprofundar, refinar, ultimar, aparar o conteúdo do meu programa, o que tenho feito pelo país todo é ouvir, para além de falar. Ainda há três dias, em Faro, disse às pessoas: “Falem, quero ouvi-las.” As pessoas até se têm congratula­do, dizendo que a política está de volta e que há muito tempo que não as ouviam assim, ouvindo mesmo, escutando, porque eu preciso de ouvir, não sou capaz de tomar decisões só lendo e estudando documentos, tenho de ouvir a realidade, ir ter com ela e ouvir as pessoas. Tem sido extraordin­ário e os parceiros sociais, naturalmen­te, fazem parte do país que eu quero ouvir, é uma iniciativa normalíssi­ma. Acho um bocado caricato na política, e às vezes noutras coisas na vida, por vezes até entre instituiçõ­es, haver uma rivalidade entre quem faz primeiro, do género “eu não fiz, então tenho de dizer mal”. Não, acho normal que o meu oponente vá também falar com os parceiros sociais, não que não vá porque eu fui ou pedi para conversar com eles. Estas coisas são normais e têm de ser vistas de outro modo, uma eleição não é andarmos sempre a responder uns aos outros. (...) Pedro Santana Lopes é visto como estando mais próximo da maneira de fazer política de Marcelo Rebelo de Sousa, ou seja, é mais afetuoso – dito de outra maneira – do que Rui Rio. Na entrevista à Rádio Renascença, a exministra das Finanças, Maria Luís Albuquerqu­e, disse que, mais do que de afetos, os portuguese­s precisam de ter uma alternativ­a. Devo dizer que estou de acordo com que o que é preciso é uma alternativ­a. Tenho dito por todo o país que não sou Marcelo Rebelo de Sousa, aliás na minha apresentaç­ão em Santarém disse: “O meu nome é Pedro Santana Lopes.” Não foi para dizer às pessoas como é que me chamo, tenho a ideia de que elas sabem… Foi para dizer que assumia tudo aquilo que fez. E que sou eu, não sou confundíve­l com ninguém. Mesmo que respeite e admire o trabalho feito por Pedro Passos Coelho, quando dizem que herdo respondo que não herdo nada, eu sou eu, começo agora uma fase da minha vida política, tenho as minhas atitudes, não herdo nada. Tenho dito pelo país que não sou nem campeão dos afetos – tenho repetido esta frase em todo o lado – nem tenho um sorriso sempre, que o primeiro-ministro agora já não tem por razões compreensí­veis, mas que teve e Marcelo Rebelo de Sousa disse ser... Irritantem­ente otimista. Exatamente. Agora há uma coisa que sei, acho que sei estar perto das pessoas; acho que as compreendo? Normalment­e sim. Tenho sensibilid­ade para as ouvir e elas normalment­e gostam de falar comigo? Sim. Agora, não sou igual aos outros, não me ponho aos abraços e aos beijos a toda a hora, não sorrio a toda a hora, não. Procuro perceber o que cada um faz à sua maneira para depois poder decidir bem. Portanto, estou inteiramen­te de acordo com que o que é preciso é uma alternativ­a sólida, coerente, moderada, a coerência é muito importante e é para isso que temos de trabalhar. A alternativ­a para a geringonça pode ser o bloco central? Não. Eu gosto de lhe chamar frente de esquerda, não gosto de falar em geringonça. Geringonça tem algo de delicodoce, dá ar de uma engenharia apesar de tudo conseguida. Esta é uma frente de esquerda, é a realidade política de socialista­s com comunistas e extrema-esquerda. É algo sem paralelo na Europa de hoje e que tem paralelo na história em tempos mais remotos. O que aconteceu é legítimo em democracia, esta solução de governo é inteiramen­te legítima, tem apoio parlamenta­r, como sabemos, só que tem de se inventar praticamen­te todos os dias. Nós para construirm­os uma alternativ­a à frente de esquerda temos

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› Pedro Santana Lopes acha que neste momento o caminho não é a regionaliz­ação, mas afirma que o país não pode ficar como está. Os autarcas que tem ouvido pedem-lhe coisas diferentes nesta matéria, consoante a região em que se encontram no país. Não...

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