Duterte diz que Trump não criticará a sua guerra à droga
Presidente americano pressionado a condenar execuções extrajudiciais avisado pelo homólogo filipino para não falar sobre isso
Trump e Duterte, presidentes dos EUA e das Filipinas, no jantar de gala da ASEAN, em Manila
PATRÍCIA VIEGAS A rir, a brindar, a conversar, a dar um aperto de mão. Assim foram fotografados os presidentes dos Estados Unidos e das Filipinas no jantar de gala do 50.º aniversário da ASEAN em Manila. Hoje, Donald Trump e Rodrigo Duterte terão um encontro bilateral e aquilo que todos querem ver é se o líder norte-americano vai ou não ter a coragem de criticar os métodos empregados pelo regime do seu homólogo filipino na guerra ao narcotráfico. Duterte confia que não. E fez questão de o dizer aos jornalistas, antes mesmo do encontro. No tom ameaçador que já o caracteriza.
“Estou certo de que ele não vai suscitar essa questão. Não pode dar-se ao luxo de o fazer. Não falamos sobre essas coisas, porque em primeiro lugar não são verdade e em segundo lugar porque nós não praticamos essas coisas”, disse ontem Duterte em Manila, citado pelas agências internacionais. O presidente das Filipinas referia-se às acusações de execuções extrajudiciais realizadas pela polícia no âmbito da “guerra contra a droga”.
Antes da visita de Trump, a Amnistia Internacional pediu ao presidente americano que confronte o líder filipino com o balanço sangrento da violenta guerra contra o narcotráfico. “É hora de o presidente Trump dizer a Duterte que este deve colocar um fim às execuções extrajudiciais, à impunidade dos abusos policiais e aos ataques aos defensores dos direitos humanos”, declarou a ONG, em comunicado a partir da sua delegação nas Filipinas. Num ano e quatro meses a guerra contra a droga de Duterte já fez mais de seis mil mortos e, desses, quatro mil poderão ter sido abatidos pela polícia, sublinha aquela organização. A AI acredita