Diário de Notícias

“Neste momento estão todos com muito mais medo e pensam duas vezes antes de fazer alguma coisa porque não sabem se vão sair impunes”

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tigação e o precedente estabeleci­do com o caso de Bill Cosby.

“Há um efeito importante da vergonha pública. O efeito de massa crítica. Antes podiam dizer ‘quem é que vai acreditar em ti?’, mas as mulheres ganharam poder e agora podem falar. As pessoas também estão mais disponívei­s para ouvir”, considera.

Saber se a eleição de Trump foi ou não o principal catalisado­r para a mudança é difícil, e as opiniões divergem. “Pessoalmen­te, achei que o facto de ele ter não ter sofrido consequênc­ias com as gravações do Access Hollywood foi incrível”, diz ao DN Susan Anton, atriz e cantora que está na indústria há 40 anos. “A sério? Vão pô-lo no mais alto cargo da nação apesar de ele ter um desprezo total pelas mulheres? Talvez seja o efeito de ‘não mais’”, sugere. “O que quer que seja que o trouxe, já vem tarde.”

Jordana Mollick refere que o presidente ofendeu muita gente e gerou um sentimento de impotência a nível global – mas não local. “A mudança, em geral, começa numa comunidade e isso está a inspirar as mulheres a encontrare­m as suas vozes e os homens a apoiarem-nas.” A produtora refere também que há anos são publicados estudos e estatístic­as sobre a desigualda­de em Hollywood e a falta de realizador­as. “As mulheres estão lentamente a tornar-se mais poderosas e menos uma minoria nesta indústria, a sentir que podem falar”, indica. “Mas penso que o que está a acontecer no nosso país é parte disto.”

É também esta a opinião de Ben Rovner, CEO do estúdio de castings Space Station, o maior da indústria. “Tudo tem um momento de fervura e na maioria das situações é preciso uma, duas, três pessoas corajosas abrirem a boca e dizerem que isto não é correto, não me vou calar até vocês me ouvirem”, afirma, consideran­do que a génese deste movimento começou antes da eleição de Donald Trump. “Todas estas questões subterrâne­as que não abordámos como país permitiram-lhe ser eleito presidente”, acredita, criticando o que se passou em Hollywood, que gosta de se posicionar como uma indústria de liberais onde as mino-

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