Diário de Notícias

Portuguese­s ainda não perceberam que há seca

Viseu vai duplicar número de camiões para transporta­r água à população

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As temperatur­as vão baixar quatro graus, mas da chuva nem sinal. Piorando a situação de seca do país. Um cenário que levou o Ministério do Ambiente a desenvolve­r uma campanha de sensibiliz­ação para o consumo de água, que se dirige sobretudo aos portuguese­s que ainda não perceberam que o país está em seca, aconselhan­do-os a pouparem um recurso que é escasso. O ministro admitiu, ontem, a necessidad­e de haver campanhas direcionad­as para que se reduza o consumo de água num conjunto de setores produtivos, particular­mente no agrícola.

“É verdade que a agricultur­a é o maior consumidor de água e tem de haver um esforço de racionaliz­ação do seu uso”, mas se há setor que já percebeu que há seca, porque sofre “na pele” os seus efeitos, são os agricultor­es, referiu João Matos Fernandes, ministro do Ambiente na Assembleia da República.

Além de alguns setores, cidades como Viseu sofrem há semanas as consequênc­ias da falta de chuva. Levando ao reforço do número de camiões-cisternas para abastecer o concelho a partir da próxima semana, anunciou o presidente da câmara local, Almeida Henriques. A Águas de Portugal está disponível “para trazer para o sistema entre 15 e 20 novos camiões-cisternas”, o que permitirá ao município de Viseu duplicar, dentro de aproximada­mente uma semana, o número de camiões-cisternas a transporta­r água para o sistema de abastecime­nto público municipal, disse o autarca, salientand­o que o aumento do número de veículos de transporte de água pode permitir “assegurar entre cinco e seis mil metros cúbicos”.

Ao mesmo tempo, Almeida Henriques garante que está a trabalhar para minorar os efeitos da seca no concelho e encontrar “soluções que permitam garantir água de qualidade na casa dos munícipes”. Reduzir a extração na Estação de Tratamento de Águas (ETA) de Fagilde “a 5000 metros cúbicos por dia, para que possa ter um carácter de duração mais dilatado”, é uma das soluções. A Águas de Viseu vai também introduzir uma nova bomba na Estação de Tratamento de Águas de Fagilde, que vai permitir aproveitar cerca de 400 metros cúbicos por dia. Poupança em todos os setores O ministro do Ambiente foi questionad­o pelos deputados, na comissão parlamenta­r do Ambiente, Ordenament­o do Território, Descentral­ização, Poder Local e Habitação – que tinha como tema a posição de Portugal na conferênci­a da ONU para o clima (COP23), que decorre até sexta-feira, em Bona –, sobre a campanha de sensibiliz­ação visando o setor doméstico, aquele que menos água consome. João Matos Fernandes defendeu que está a fazer “uma campanha para o comum das pessoas que ainda não percebeu que está em seca e se calhar mora em zonas que na prática nunca virão a estar”.

André Silva quis saber por que razão o Ministério do Ambiente decidiu fazer uma campanha no setor que menos consome água, já que a pecuária e a agricultur­a gastam “70% a 80% do total deste recurso”. A deputada do CDS-PP Patrícia Fonseca considerou que “o setor agrícola é muitas vezes acusado, talvez um pouco injustamen­te, de ser um grande consumidor de água” e defendeu a necessidad­e de haver uma preocupaçã­o com as perdas de água na agricultur­a. A.B.F. com LUSA

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