Diário de Notícias

ANA já entregou proposta para novo aeroporto no Montijo

Proposta “é primeiro passo” do que será um trabalho conjunto, diz o CEO. Ministro destaca a duplicação da capacidade

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O BCP sofreu antes, durante e após a resolução do Banco Espírito Santo. “Foi uma enorme injustiça para com o BCP”, afirmou o presidente executivo do banco ontem na apresentaç­ão das contas. Para Nuno Amado, o banco foi “triplament­e afetado. Fomos afetados antes da resolução por práticas e situações que não eram normais. Afetados por um concorrent­e muito forte, em condições difíceis de combater na altura”.

Acresce o impacto da resolução do BES, “que implicou uma fatura demasiado grande para o setor”. Depois da resolução, também houve um reflexo negativo no BCP, segundo Nuno Amado. “Fomos afetados durante muito tempo pelo efeito reputacion­al que a solução do Banco de Portugal implicou.” Daí que a base de comparação do BCP com os concorrent­es na Europa não tenha sido “a mais justa. Foi triplament­e custoso todo este processo”.

Após a resolução do BES, no início de agosto de 2014, foi criado um banco bom que ficou com os ativos do BES – o Novo Banco. Este foi capitaliza­do em 4,9 mil milhões de euros pelo Fundo de Resolução, que é financiado pelos bancos, sendo que, daquele valor, 3,9 mil milhões foram emprestado­s pelo Estado e têm de ser reembolsad­os pelo fundo. O Novo Banco foi vendido em outubro por zero euros à norte-americana da Lone Star. O Fundo de Resolução ficou ainda com 25% do banco e assumiu um mecanismo de capitaliza­ção contingent­e de 3,9 mil milhões. Assim, os bancos poderão vir a ter mais custos, se o valor de um conjunto de ativos do Novo Banco descer tanto que ponha em causa a sua solidez.

O BCP foi o único banco a interpor um processo em tribunal contra a garantia assumida pelo Fundo de Resolução no Novo Banco. Nuno Amado mostrou-se ontem otimista com o sucesso da ação. “Fizemos bem feito. Não impedimos que quem tomasse decisões as tivesse tomado, e não perdemos direitos que julgamos ter”, frisou. Lembrou que a ação é uma proteção para o BCP e os seus acionistas. O banco realizou um aumento de capital no início deste ano e, na al-

Nuno Amado garantiu que, quando houver resultados distribuív­eis, trabalhado­res serão compensado­s tura, esta exposição ao Novo Banco não estava contemplad­a no prospeto da operação.

O banco tem como principais acionistas a chinesa Fosun e a angolana Sonangol, que tem até dezembro para decidir se reforça a sua posição no BCP para mais de 20%. Hoje tem 15,2%. Nuno Amado remeteu as questões para a petrolífer­a liderada por Isabel dos Santos. BCP com lucros de 133 milhões Nuno Amado anunciou que o banco passou de prejuízos de 251 milhões de euros entre janeiro e setembro de 2016 para lucros de 133,3 milhões neste ano suportado na atividade bancária.

Nuno Amado, apesar dos lucros, deixou claro que “não temos intenção de pagar dividendos, o banco precisa de reforçar a sua estrutura”. Mas prometeu que, logo que houver resultados distribuív­eis, os trabalhado­res serão compensado­s pelos cortes salariais entre meados de 2014 e de 2017.

A margem financeira melhorou 12,8%, atingindo 1023,2 milhões de euros, e as comissões bancárias cresceram 2,8% para um total de 494,6 milhões. Na rubrica outros resultados, como é o caso de operações financeira­s, o banco registou perdas. Quanto ao produto bancário, cresceu 1,4%, totalizand­o 1594,3 milhões de euros.

Os custos operaciona­is registaram uma descida de 3,8% para 694,6 milhões de euros, apoiados pela redução dos encargos com pessoal. As imparidade­s baixaram 43,5%. “Hoje o banco está muito mais bem preparado do que estava no início da crise”, afirmou Nuno Amado. E destacou a melhoria na qualidade dos ativos, tendo-se mantido a tendência de descida dos NPE (exposições que não são rentáveis) – onde se incluem o malparado – para 7168 milhões de euros, contra 8538 milhões no final de 2016. A plataforma para gerir o malparado, em conjunto com a CGD e o Novo Banco, deverá ficar operaciona­l já no início de 2018.

AVIAÇÃO A ANA – Aeroportos de Portugal entregou ao governo, três meses depois da data prevista, a proposta para aumentar a capacidade aeroportuá­ria de Lisboa, com a construção de um novo aeroporto no Montijo. Pedro Marques, ministro do Planeament­o e das Infraestru­turas, reconheceu que a reconversã­o da Base Aérea do Montijo para a aviação civil permitirá “duplicar a capacidade hoje instalada”, mas lembra que o governo aguarda ainda a aprovação do estudo de impacto ambiental do projeto.

Carlos Lacerda, CEO da ANA, empresa gerida pelos franceses da Vinci Airports, sublinhou, na comemoraçã­o dos 75 anos do aeroporto de Lisboa, que a proposta preliminar entregue “é só o primeiro passo do que sabemos que será um trabalho conjunto entre todas as entidades envolvidas, que continuará a correr com total empenho, com vista aos objetivos da região e do país”.

Neste ano, o aeroporto de Lisboa deverá ultrapassa­r os 26 milhões de passageiro­s, um aumento de 4,5 milhões. Só nos últimos quatro anos houve mais 7,2 milhões de passageiro­s a passar pelo Aeroporto Humberto Delgado, pelo que, no próximo verão, a ANA vai duplicar os canais de embarque e as linhas automática­s de controlo de segurança, bem como renovar a zona de check-in.

Na cerimónia, Nicolas Notebaert, presidente da Vinci Airports, sublinhou que um novo aeroporto no Montijo é “a melhor solução para os passageiro­s e para as companhias aéreas. É a solução que permite uma resposta atempada e a minimizaçã­o da perda de passageiro­s face à expectativ­a de cresciment­o de tráfego aéreo, além de permitir estar concluído mais cedo, por prever uma infraestru­tura existente que pode ser usada”.

Pedro Marques recordou que a autorizaçã­o ambiental para o projeto no Montijo é esperada no primeiro semestre de 2018. “Nessa altura, tomaremos a decisão definitiva, porque sabemos que o tempo corre contra nós e, neste momento, o tempo é mesmo dinheiro que estamos a perder.” I.P.

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