Diário de Notícias

Sismo semelhante a “potente bomba” mata 450 no Irão

Número final de vítimas de violento tremor de terra deverá ser muito superior

- ABEL COELHO DE MORAIS

“Estava a jantar com as minhas crianças na sala e, de repente, foi como se o edifício começasse a dançar no ar”, conta Majida Ameer, residente em Bagdad, a capital iraquiana, onde o sismo com epicentro na província curda de Salaimaniy­ah, fronteiriç­a entre este país e o Irão, se fez sentir na noite de domingo para segunda-feira.

“Ao princípio até pensei que fosse uma potente bomba. Passados uns segundos é que ouvi pessoas a gritar: tremor de terra! tremor de terra!, disse aquela mãe iraquiana à Reuters, explicando que ela, com as crianças, assim como todos os seus vizinhos vieram para a rua.

Se em Bagdad as estruturas edificadas se agitaram com violência, mas permanecer­am de pé e não houve vítimas mortais, a mais de 200 quilómetro­s de distância, do outro lado da fronteira, na província iraniana de Kermanshah, a maioria dos edifícios desmoronar­am-se, causando mais de 450 mortos e, pelo menos, seis mil feridos.

Além das mortes já confirmada­s, das quais pouco mais de uma dúzia no Iraque, as autoridade­s deste país e do Irão afirmaram às agências que o balanço final de vítimas deverá ser substancia­lmente mais elevado.

O sismo de magnitude 7.3, segundo o Instituto Geológico dos Estados Unidos, verificou-se a 23 quilómetro­s de profundida­de junto da localidade de Penjwin, no Curdistão iraquiano, e foi o mais violento da última década. As agências de notícias iranianas indicaram que 14 províncias do país foram afetadas e que a grande maioria dos estragos se verificara­m em áreas de construção de adobe. Em paralelo com o ruir dos edifícios, o sismo provocou violentos deslizamen­tos de terras e fez-se sentir na vizinha Turquia e noutros países da região.

A 26 de dezembro de 2003, um sismo de magnitude 6.6 atingiu a cidade histórica de Bam, também com construçõe­s de adobe, causando não só a destruição de edifícios milenares como a morte de cerca de 31 mil pessoas.

Ontem, as principais preocupaçõ­es eram o salvamento de pessoas presas nos escombros e o alojamento das mais de 70 mil pessoas, só no Irão, que viram as suas habitações destruídas numa época do ano de baixas temperatur­as. Alguns responsáve­is deste último país, citados pelas agências locais, indicavam que, além das construçõe­s tradiciona­is, ficaram também severament­e danificado­s edifícios públicos, como hospitais e habitação social, erguidos na última década. O abastecime­nto de energia elétrica e água canalizada ficou igualmente comprometi­do nas áreas mais afetadas. Num sinal da gravidade da situação, unidades dos Guardas da Revolução foram enviadas para estes locais para colaborare­m nas operações de salvamento e na manutenção da ordem pública.

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Destruição numa das cidades iranianas atingidas pelo sismo

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