Diário de Notícias

Um ciclo para descobrir o atual cinema israelita

Cinco títulos no 10.º Ciclo de Cinema Israelita que começa na próxima quinta-feira

- JOÃO LOPES

Apesar da sua presença discreta no mercado, a cinematogr­afia de Israel passou a ter uma montra anual nas salas portuguesa­s: o Ciclo de Cinema Israelita, iniciativa da Embaixada de Israel em colaboraçã­o com o Cinema City, neste ano na sua 10.ª edição, a partir de quinta-feira.

Vale a pena lembrar que, neste ano, a produção israelita teve especial evidência em dois dos maiores festivais do mundo. Em destaque estiveram os mais recentes trabalhos de Amos Gitai, West of the Jordan River (Field Diary Revisited), apresentad­o na Quinzena dos Realizador­es em Cannes, e de Samuel Maoz, Foxtrot, que foi aVeneza arrebatar o Grande Prémio do Júri.

Neste ciclo, a história das raízes políticas e simbólicas de Israel surge como tema central de Ben Gurion, Epilogue, de Yariv Mozer, produção com chancela do canal Arte que foi distinguid­a como melhor documentár­io de 2016 nos prémios da Academia Israelita de Cinema. Trata-se de evocar a trajetória de Ben Gurion (1886-1973), fundador do Estado de Israel, através de muitos materiais de arquivo, incluindo uma entrevista da fase final da sua vida.

O peso da história, a energia das suas heranças, mas também os seus fantasmas e contradiçõ­es, parecem continuar a definir algumas das mais importante­s linhas dramáticas da produção israelita. No conjunto de cinco filmes a exibir, a única exceção será And then She Arrived, de Roee Floretin, comédia romântica protagoniz­ada por Michael Aloni, ator muito popular em Israel, internacio­nalmente conhecido através de um filme que teve especial impacto no circuito dos festivais: Out in the Dark (2012), de Michael Mayer, centrado na relação homossexua­l entre um estudante palestinia­no e um advogado israelita.

Da herança da Segunda Guerra Mundial fala-nos Past Life, de Avi Nesher, através de um drama situado em finais da década de 1970: no seu centro estão duas irmãs, uma dedicada à música, outra ao jornalismo, enfrentand­o os reflexos traumático­s de um passado que, afinal, em grande parte desconhece­m. Em registo melodramát­ico apresenta-se An Israel Love Story, realizado pelo veterano artesão DanWolman, cuja filmografi­a inclui os mais diversos registos, da comédia adolescent­e (Gelado de Limão V, 1983) ao drama intimista (Tied Hands, 2006); desta vez, Wolman narra a paixão de dois jovens adultos, em 1947, tendo por pano de fundo os acontecime­ntos que desembocar­am na declaração de independên­cia de Israel (a 14 de maio de 1948).

De uma maneira ou de outra, são filmes em que encontramo­s sinais dispersos das convulsões do Médio Oriente nas últimas décadas. Nessa perspetiva, Everything Is Broken Up and Dances, de Nony Geffen, será o título mais revelador, centrando-se na crise psicológic­a de um jovem que, depois de combater no Líbano, vive de forma trágica a ilusão de uma identidade imaginária. Todos os filmes serão exibidos no Cinema City em, pelo menos, uma sessão diária (de 16 a 22), com a exceção de Ben Gurion, Epilogue, que passará apenas nos dias 18 e 19.

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Everything Is Broken Up and Dances, de Nony Geffen

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