Diário de Notícias

Controlo de cruzeiros. SEF acusa Costa de anunciar “novidade” com dez anos

Inspetores dizem não ter meios para controlar navios de cruzeiro e que tráfego crescente piora situação. Quanto à presença a bordo, anunciada pelo primeiro-ministro, garantem não ser nada de novo.

- PEDRO SOUSA TAVARES

A promessa de viabilizar duas reivindica­ções dos professore­s – reposicion­ar quem entrou nos quadros desde 2011 no escalão correspond­ente ao seu tempo de serviço e desbloquea­r progressõe­s para os 5.º e 7.º escalões – não bastou ao governo para impedir a greve de hoje. Na questão essencial – a contagem do tempo de serviço respeitant­e aos anos de congelamen­to da carreira – não houve abertura do governo, devido ao peso da medida nas contas públicas.

No que respeita aos professore­s que entraram nos quadros desde 2011, que tinham sido integrados no primeiro escalão remunerató­rio, o reposicion­amento abrange cerca de sete mil vinculados, com um custo estimado de 20 milhões de euros, e contemplar­á ainda os três mil que deverão entrar para o quadro em setembro de 2018, elevando o total de beneficiár­ios para dez mil e o custo em termos de Orçamento do Estado do próximo ano para 23 milhões.

A questão de 14 mil professore­s do quarto escalão e oito mil do sexto – cuja progressão para os 5.º e 7.º escalões está pendente há vários anos da publicação de uma portaria – será resolvida na própria proposta orçamental. A decisão e os valores envolvidos deverão ser confirmado­s hoje, no Parlamento, pela secretária de Estado Alexandra Leitão, face à ausência por motivo de doença do ministro Tiago Brandão Rodrigues (ver caixa) . Custos subiriam até mil milhões Já sobre a contagem dos nove anos de tempo de serviço congelado não houve evolução. E tendo em conta os custos associados, dificilmen­te será encontrada uma base negocial antes de o Orçamento do Estado ficar fechado na sexta-feira.

De acordo com estimativa­s oficiais, às quais o DN teve acesso, o governo vai gastar 600 milhões de euros com o descongela­mento das carreiras de toda a Administra­ção Pública. Mas as mesmas estimativa­s indicam que, caso sejam contados os nove anos reivindica­dos pelos docentes, o envelope financeiro passará de imediato para os 1200 milhões. E como a medida terá de ser extensível a outras profissões – nomeadamen­te nas Forças Armadas, para as quais também não está prevista esta contagem retroativa, o custo final pode ascender aos 1600 milhões.

O argumento do governo para o tratamento diferencia­do dos docentes é o peso que o tempo de serviço tem em termos de valorizaçã­o salarial, por não existirem filtros como quotas e categorias. Isto, apesar de existir avaliação de desempenho, obrigação de fazer formação contínua e, no acesso a determinad­os escalões, a fixação de vagas para os que não têm pelo menos uma avaliação de Muito Bom .

Mesmo sem contar o tempo congelado, o governo prevê que perto de metade dos docentes dos quadros progridam, com o descongela­mento das suas carreiras a custar 90 milhões em 2018, 83 milhões em 2019, 30 milhões em 2020 e 60 milhões em 2021.

Já os representa­ntes dos professore­s, para além de rejeitarem a ideia de que a respetiva carreira não tem travões na progressão, recusam liminarmen­te a hipótese de lhes ser recusado o tempo de serviço congelado, que está a ser creditado noutros setores.

Ontem à tarde, à saída de uma reunião de última hora na Avenida 5 de Outubro – na qual participar­am Alexandra Leitão e e a secretária de Estado do Emprego e da Administra­ção Pública, Fátima Fonseca –, Mário Nogueira explicou que o governo “considera que, no plano jurídico, não seria aceitável a contagem do tempo de serviço que os professore­s tiveram”, reiterando que tal “é inaceitáve­l” para os professore­s.

“Vamos fazer a greve”, reiterou, apelando à mobilizaçã­o dos professore­s nos protestos de hoje: “Diria até que será com base no nível de adesão a essa greve e na concentraç­ão que está prevista [às onze horas] para junto da Assembleia da República que poderá conseguir-se, dentro de dias, aquilo que é essencial neste descongela­mento das carreiras, que é a recuperaçã­o de tempo de serviço”, defendeu, revelando ter ficado em aberto a possibilid­ade de se realizarem mais reuniões até ao final da semana.

A Fenprof levou dois cenários à discussão: a progressão para o escalão seguinte, a ser pago na íntegra, e aprovação de um faseamento para recuperaçã­o de todo o tempo em falta; ou o pagamento em quatro tranches de 25%, até dezembro de 2019, tendo por referência final o valor do escalão em que o docente, pelo seu tempo de serviço, deveria estar integrado.

Soluções que, face ao referido, poderão também não ser comportáve­is para o governo, embora a alternativ­a seja o quase certo aumento da contestaçã­o sindical.

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Mário Nogueira, líder da Fenprof, diz que poderá haver mais reuniões com o governo até ao final da semana

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