Diário de Notícias

Portugal interrompe convergênc­ia com a Europa outra vez

Há 68 mil portuguese­s com fortuna superior a um milhão de dólares, mais 7000. A riqueza subiu 7%

- DIOGO FERREIRA NUNES

Há mais sete mil milionário­s em Portugal este ano e estão mais ricos do que em 2016. Ao todo, 68 mil portuguese­s têm uma fortuna acumulada de pelo menos um milhão de dólares (857,8 mil euros). São mais 11,5% do que há um ano, segundo o relatório GlobalWeal­th 2017, publicado ontem pelo Crédit Suisse. E o banco suíço diz também que Portugal está mais rico: a fortuna acumulada pelos portuguese­s está avaliada em 750 mil milhões de dólares (quase 640 mil milhões de euros), um cresciment­o de 7%.

Curiosamen­te, a Arábia Saudita, país que tem o triplo da população portuguesa, tem apenas mais 1000 milionário­s (69 mil), embora a fortuna acumulada seja um pouco superior (772 mil milhões de dólares). Tanto num país como noutro, a tendência é de aumentar o número de milionário­s: em 2022, Portugal deve ter 77 mil e a Arábia Saudita 89 mil.

O relatório Global Wealth 2017 revela que a fortuna média dos portuguese­s é hoje de 38 242 dólares (36 414 dólares em 2016). Só Portugal, República Checa e Eslovénia é que têm uma riqueza média por adulto inferior a 100 mil dólares (85 mil euros) no espaço da União Europeia.

O Crédit Suisse não especifica mas, de acordo o último ranking da revista Exame, três dos 25 portuguese­s mais ricos são responsáve­is por 10% do PIB do país e viram a sua fortuna crescer para 18,8 mil milhões de euros, contra 15 mil milhões de euros em 2016 (de 8,3% do PIB). A família Amorim lidera o topo da lista, com um património estimado em 3,8 mil milhões de euros; Alexandre Soares dos Santos, dono da Jerónimo Martins, viu a sua fortuna aumentar em 500 milhões de euros para mais de 2,5 mil milhões; e os Guimarães de Mello ocupam o terceiro lugar na lista, tendo a fortuna aumentado de 1,2 para 1,47 mil milhões de euros, com os investimen­tos no grupo José de Mello, Brisa, CUF e Efacec. Belmiro de Azevedo, rosto do grupo Sonae, mantém o quarto lugar no ranking, depois de já ter sido o homem mais rico do país durante anos, com 1,31 mil milhões.

A Grécia, apesar da recente bancarrota, tem mais milionário­s do que Portugal: 88 mil, contra os 78 mil do ano passado. Em Espanha há 428 mil milionário­s, bem acima dos 370 mil milionário­s registados em 2016. No entanto, o país com mais milionário­s continua a ser os EUA, que superou a fasquia dos 15 milhões de milionário­s e deverá ter 17 784 em 2022. A nível mundial, há uma riqueza acumulada de 280 triliões de dólares. Mais de um terço desta riqueza está concentrad­a na América do Norte (101 triliões de dólares).

A riqueza mundial também está mal distribuíd­a. Em 2017, uma fatia de 1% dos milionário­s detinha mais de metade (50,1%) de toda a riqueza mundial, a maior percentage­m desde 2000. O banco suíço alega que “as mudanças na desigualda­de da riqueza ocorrem devagar e que é difícil identifica­r os fatores para estas tendências. No entanto, o valor dos ativos financeiro­s – especialme­nte das empresas em bolsa – é um fator importante, porque os mais ricos detêm um valor desproporc­ional de ativos no mundo financeiro”.

Há 3,5 mil milhões de pessoas que têm uma fortuna abaixo dos 10 000 dólares; por outro lado, os 36 milhões de milionário­s, o equivalent­e a menos de 1% da população mundial, detêm 45,9% de toda a riqueza.

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