“Hospitais têm problemas com equipamentos”
Bastonário diz que grande parte dos equipamentos está fora do prazo e quer ainda mais tempo para consultas
Bastonário lamenta que Portugal continue abaixo da média da OCDE no que dedica à saúde em comparação com o PIB
O bastonário dos Médicos avisou ontem que grande parte dos equipamentos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) “está fora do prazo de validade” e a precisar de substituição, considerando insuficiente a verba de 160 milhões de euros para investimento. Num encontro com jornalistas na sede da Ordem, Miguel Guimarães defendeu ainda que os tempos das consultas médicas passem para pelo menos 20 minutos, quando agora duram entre 10 e 15. O objetivo é conseguir “aumentar a segurança clínica, reduzir o recurso aos meios complementares de diagnóstico e melhorar a relação médico/doente”.
A Ordem dos Médicos está a fazer um levantamento da situação dos equipamentos no país, um retrato que deverá estar pronto durante o primeiro trimestre do próximo ano. Mas mesmo antes de ter essa “fotografia aproximada da realidade”, Miguel Guimarães sublinhou ontem aos jornalistas que uma parte significativa dos equipamentos no Serviço Nacional de Saúde está a precisar de substituição ou de fazer manutenção obrigatória. “Não há nenhum hospital que não tenha problemas com equipamentos, às vezes são os mais insuspeitos, os maiores hospitais, que têm mais problemas”, afirmou.
Miguel Guimarães deu o exemplo do Centro Hospitalar de São João, “durante muitos anos considerado o melhor hospital português”, que tendo “excelentes profissionais e uma capacidade de resposta invulgar”, teve o seu investimento em equipamentos “praticamente parado”. Mas tal como o São João, outros grandes hospitais vivem a mesma realidade, notou. Questionado pelo DN, o Ministério da Saúde preferiu não comentar as declarações de Miguel Guimarães sobre o prazo de validade dos equipamentos.
Em relação aos 160 milhões de euros previstos para investimento no SNS (incluindo equipamentos e edifícios) no próximo ano, o bastonário dos Médicos considerou o montante insuficiente. “Se se quiser equilibrar o SNS tem de se investir bem mais do que isso”, comentou.
Ainda quanto ao orçamento, o representante dos médicos lamenta que Portugal vá continuar abaixo da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) em relação ao que dedica à área da saúde em comparação com o produto interno bruto (PIB). Miguel Guimarães recordou que em 2016 o orçamento da saúde correspondia a 5,9% do PIB, valor que em 2017 e em 2018 estará nos 5,2%, quando a média da OCDE é de 6,5% do PIB. “Continuamos com um valor muito abaixo.” Com LUSA