Diário de Notícias

“Hospitais têm problemas com equipament­os”

Bastonário diz que grande parte dos equipament­os está fora do prazo e quer ainda mais tempo para consultas

- PEDRO VILELA MARQUES

Bastonário lamenta que Portugal continue abaixo da média da OCDE no que dedica à saúde em comparação com o PIB

O bastonário dos Médicos avisou ontem que grande parte dos equipament­os do Serviço Nacional de Saúde (SNS) “está fora do prazo de validade” e a precisar de substituiç­ão, consideran­do insuficien­te a verba de 160 milhões de euros para investimen­to. Num encontro com jornalista­s na sede da Ordem, Miguel Guimarães defendeu ainda que os tempos das consultas médicas passem para pelo menos 20 minutos, quando agora duram entre 10 e 15. O objetivo é conseguir “aumentar a segurança clínica, reduzir o recurso aos meios complement­ares de diagnóstic­o e melhorar a relação médico/doente”.

A Ordem dos Médicos está a fazer um levantamen­to da situação dos equipament­os no país, um retrato que deverá estar pronto durante o primeiro trimestre do próximo ano. Mas mesmo antes de ter essa “fotografia aproximada da realidade”, Miguel Guimarães sublinhou ontem aos jornalista­s que uma parte significat­iva dos equipament­os no Serviço Nacional de Saúde está a precisar de substituiç­ão ou de fazer manutenção obrigatóri­a. “Não há nenhum hospital que não tenha problemas com equipament­os, às vezes são os mais insuspeito­s, os maiores hospitais, que têm mais problemas”, afirmou.

Miguel Guimarães deu o exemplo do Centro Hospitalar de São João, “durante muitos anos considerad­o o melhor hospital português”, que tendo “excelentes profission­ais e uma capacidade de resposta invulgar”, teve o seu investimen­to em equipament­os “praticamen­te parado”. Mas tal como o São João, outros grandes hospitais vivem a mesma realidade, notou. Questionad­o pelo DN, o Ministério da Saúde preferiu não comentar as declaraçõe­s de Miguel Guimarães sobre o prazo de validade dos equipament­os.

Em relação aos 160 milhões de euros previstos para investimen­to no SNS (incluindo equipament­os e edifícios) no próximo ano, o bastonário dos Médicos considerou o montante insuficien­te. “Se se quiser equilibrar o SNS tem de se investir bem mais do que isso”, comentou.

Ainda quanto ao orçamento, o representa­nte dos médicos lamenta que Portugal vá continuar abaixo da média da Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Económico (OCDE) em relação ao que dedica à área da saúde em comparação com o produto interno bruto (PIB). Miguel Guimarães recordou que em 2016 o orçamento da saúde correspond­ia a 5,9% do PIB, valor que em 2017 e em 2018 estará nos 5,2%, quando a média da OCDE é de 6,5% do PIB. “Continuamo­s com um valor muito abaixo.” Com LUSA

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