Encontro com Truffaut
OJOÃO LOPES cinema está cheio de histórias, muitas vezes fascinantes, por vezes desastrosas, que nos ensinam os paradoxos da arte de escolher atores – afinal de contas, em particular em Hollywood, o trabalho de será um dos mais discretos, mas também mais essenciais na preparação de qualquer filme.
envolve uma dessas histórias, com o seu quê de poético: a escolha do cineasta François Truffaut (1932-1984) para interpretar o papel de Claude Lacombe, o cientista francês que desempenha um papel essencial no “diálogo” com os extraterrestres, em particular na transmissão das cinco notas de música a que eles correspondem com contagiante entusiasmo. Segundo as notícias da época, Spielberg chegou a avaliar a hipótese de utilizar um ator francês com reconhecimento internacional: entre os nomes considerados incluíam-se Gérard Depardieu, Philippe Noiret e Jean-Louis Trintignant. O certo é que alguma empatia cinéfila terá sido decisiva na escolha de Truffaut que, além do mais, com a sua pose austera e as singularidades da sua pronúncia inglesa, desempenha lindamente o papel de Lacombe. Afinal de contas, ele estava longe de ser um desconhecido nos bastidores da produção americana. Desde logo, porque já tinha obtido três nomeações para os Óscares: duas na categoria de melhor argumento original, por (1959) e (1973); uma para melhor realizador, também com Convém não esquecer ainda que, para além do seu papel central na nova vaga francesa, Truffaut se tornara uma personalidade conhecida e reconhecida no mundo cinéfilo através do seu livro
(cuja primeira edição surgira em 1967). Integrá-lo como ator terá sido outro empolgante encontro imediato.
CRÍTICO DE CINEMA